Numa clara evolução em relação ao trabalho anterior, a banda mostra grande à vontade em palco, visível gosto e interesse em partilhar com o público a forma como chegaram a este segundo disco e entrega na hora de dar o que todos ali procuram: a música. As versões de temas antigos que os projetaram no trabalho anterior são mais pontuais e a banda coloca agora as suas composições à cabeça do alinhamento.
Marisa Liz abriu a noite com uma justa homenagem a “Adeus Tristeza” de Fernando Tordo, para depois pegar “No Teu Poema” de José Luis Tinoco celebrizado por Carlos do Carmo. Os Amor Electro apostaram, nesta apresentação, na criatividade visual. A projeção de imagens animadas e a combinação de écrans de luz de suporte a cada músico compuseram o cenário. Marisa Liz, a vocalista, vestida por Dino Alves era, por si só, um personagem. Pena mesmo a qualidade de som, nas primeiras canções, que dificultou a perceção das letras. “100 medos” é uma das novidades, servida em jeito de reflexão sobre os nossos dias. Com letra de Hélder Moutinho, manager da banda, tocaram “Rasga a Saudade” e certamente o coração de quem já sentiu um amor perdido. O acordeão de Carlos Lopes sobe ao palco para “Só é Fogo se Queimar” canção que teve o contributo de Jorge Cruz, dos Diabo na Cruz, na letra. “Neste disco quisemos repetir algo que tinha corrido muito bem no anterior. Ele é o nosso Ary dos Santos” referiu Marisa Liz com emoção.
As cadeiras passaram a mero objeto decorativo da sala com o tema “Foram cardos, foram prosas”. Efusivo, o público aplaudiu e dançou o tema em pé, ondulando quando os músicos encaminharam a melodia para tons mais reggae. “Rosa Sangue ao Peito” não permitiu descanso e a sala só acalmou para o registo mais tranquilo da noite. “Neste segundo disco há um tema dedicado à pessoa mais importante da nossa vida [Marisa Liz e Tiago Pais Dias] e chama-se Flor Azul”. O tema dedicado à filha em comum foi interpretado só pelos dois, com Tiago a trocar a guitarra pelo piano.
Para o encore, puseram toda a garra em “A Máquina” e quiseram saber se o tema que já toca nas rádios está na ponta da língua dos presentes. Depois de duas voltas pelo refrão de “A Nossa Casa”, mostraram que o público que os segue está mais que apto a acompanhá-los pela estrada fora.
A festa continuou no foyer no CCB, com os músicos a cumprimentar amigos e a trocar impressões com os fans numa concorrida sessão de autógrafos. No espaço, estava patente a exposição de fotografia de Pedro Mendonça sobre a banda.