Alive 2014 – Depois dos Black Keys a festa fez-se com Buraka Som Sistema

MiguelQuesada-1035O segundo dia do Alive moveu os festivaleiros para uma agenda cheia, eclética e com um nome na voz de todos: Black Keys!
Mas a festa maior fez-se ao som os portugueses Buraka Som Sistema.

Quando os The Vicious Five abriram o palco NOS, uma linha delimitava o público que assistia: a da sombra. Abrigados pela estrutura do palco, os festivaleiros mostraram a sua simpatia para com esta banda portuguesa, que já não tocava em conjunto há uns anos e se reuniu excecionalmente para alguns concertos, incluindo este. Desafiaram os sentimentos numa crítica social incisiva. Há menos gente, pouco entusiasmo e o calor a quebrar a energia.

À mesma hora, no palco Heineken, a espanhola Russian Red mostrava a sua veia rocker para muitos dos seus conterrâneos que se abrigavam sob o gigante para-sol.

Os americanos, The Last Internationale, segunda presença do dia no palco principal, foram sem dúvida o som energizante da noite, sentindo o público a banda como “meia portuguesa” fizeram justiça num discurso social mordaz. Contam com um baixista com sangue português: Edgey Pires. As suas letras interventivas tiveram o  auge com o final em “Grândola Vila Morena”. Delila Paz canta, sendo impossível não nos identificarmos com parte ou um todo das palavras que compõem este mix folk e blues.

Enquanto isso, no Coreto G-Raw, no lado oposto do recinto, a festa faz-se de forma rápida e eficaz. Sucedem-se as bandas que aqui mostram o que valem, num curto espaço de tempo. E às vezes é muito. Quando lá passamos atuavam os The Walks que juntaram muito boa gente frente ao palco.

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O rock psicadélico dos MGMT apropriou-se do palco NOS ao final do dia. Andrew VanWyngarden, o vocalista, saúdou a lua cheia que subia à sua frente e pouca atenção dispensou aos que marcavam lugar frente ao palco. “Time to Pretend” foi dos poucos temas em que a massa se agitou.

A noite cai ao som de Sam Smith no palco Heineken, com vasto público, acutilante, cantando em desafio com os agudos de Sam que fazem justiça à sua formação de vocalista de jazz. Com uma variedade instrumental, não deixou indiferente o festivaleiro que o conhecia pela primeira vez, num contacto constante com o público e feliz pela sua primeira vez em Portugal. É uma certeza que In the lonely hour está enraizado e que este british boy tem fiéis seguidores para próximos lançamentos. “Aposto que conhecem esta!” disse Sam Smith antes de arrancar para uma versão de “Do I Wanna Know” do Artic Monkeys. O publico respondeu em delírio.

O palco Clubbing, para os amantes da eletrónica, esteve ao rubro com Diplo. Um mar de gente que girava, dançava, ao som do projeto musical deste rapaz do Mississippi. Antes o palco foi de Dillon Francis, um “artist to watch” no mundo da música eletrónica.

Este segundo dia não seria a mesma coisa sem referir a simplicidade do artista com quem todos gostaríamos de tomar um café, Eduardo Madeira, num discurso sem grandes contornos, piadas naturais, a ligação com o público é coisa sem segredos, que leva qualquer plateia a aderir às suas músicas e letras de um só palavra!! Todos cantaram, em primeiro as mulheres, “mesmo as feias”, depois os homens e todos os outros ”desde que estejam bem com a vida”!

A desafiar os rapazes de Ohio que tocavam no palco NOS, no Heineken uma febre dançável e contagiante: We Trust. Estes rapazes de Famalicão são conhecidos de todos, não vale a pena dizer que não… “We are the ones”!

A banda esperada da noite inicia o concerto com “Dead and Gone”; “It’s up to you now” e “Gold On The Ceiling”, deixaram os amantes da banda certos da admiração embalados num som que impõe vontade e potência de vida. No remate dos The Black Keys, “Tighten Up” e “Lonely Boy” a certeza da “Fever” de bateria e guitarra. Dan Auerbach regressou com “Litlle Black Submarines”… e “I got mine”! É impossível ouvir e não deixar que a guitarra e a bateria invadam a alma do verdadeiro amante de rock independente.

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Os Buraka Som Sistema tomaram conta do palco NOS, já depois da meia noite, fazendo com que se respirasse uma grande nuvem de pó, consequência da forma frenética como os pés dos festivaleiros batiam no chão. A banda portuguesa mais internacional, do momento, regressou ao festival onde há dois anos atrás “foi muito feliz”! A passagem para o palco principal foi bem sucedida, com um upgrade em termos de animação visual. Não é que eles precisem disso, pois Kalaf, Conductor e Blaya, por si só proporcionam um bom espetáculo. Em conjunto, deitam a casa abaixo, numa dinâmica sexual divertida, que não ofende ninguém. “Parede” foi uma paródia, imitada por quem dançava na multidão, “Hangover (BaBaBa)” acompanhada em coro e “(We Stay) Up All Night” a mensagem que todos os festivaleiros aceitam como lema. “Kalemba (Wegue Wegue) incendeou!

Arranca hoje o ultimo dia do Festival Alive com Bastille, Foster de People e os The Libertines a concorrer com The War on Drugs, Paus e Daughter, entre outros. Para acompanhar, ao vivo no recinto (ainda há bilhetes à venda) ou nos excertos transmitidos pela televisão, no canal 19 da NOS.

Reportagem de Miguel Quesada (fotografia), Tânia Fernandes e Marina Costa (texto).

 

 

 

 

 

 

 

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