A Rainha Ginga de José Eduardo Agualusa convida a uma Viagem pela Costa Ocidental Africana

rainha gingaA Rainha Ginga – E de como os africanos inventaram o mundo (uma edição Quetzal), novo romance do escritor angolano José Eduardo Agualusa, conduz o leitor  numa intensa viagem por terras  da costa ocidental africana, ao longo do  século XVII.

O autor confere o protagonismo do romance a uma personagem histórica feminina – a Rainha Ginga, ou depois de batizada, Dona  Ana de Sousa. Esta surge descrita como uma mulher forte, hábil diplomata e astuta monarca, que consegue atemorizar os Portugueses, nas suas pretensões de domínio dos territórios do  Ndongo e da Matamba – parte da atual Angola.  A fim de melhor contrariar as intenções de Portugal, a Rainha Ginga consegue encontrar aliados nos Flamengos, que na altura já tinham ocupado parte do território brasileiro e se mostravam interessados no domínio do comércio com a costa africana.

Eivado de factos históricos e de impressivas descrições sobre o comércio de escravos e a vida nos engenhos brasileiros, este é um livro que se lê de um fôlego, estando organizado em dez capítulos, todos iniciados por uma síntese, redigida à moda das crónicas antigas.

A narração da história é conduzida por Francisco José de Santa Cruz, frade pernambucano, que abandonou a fé católica, se tomou de amores por uma escrava e desempenhou funções de secretário e de diplomata ao serviço de Dona Ana de Sousa.  Viajando entre o Brasil e África, este frade contacta com curiosíssimas personagens (um pirata convertido ao Islão, um judeu errante…) e vive perigosas aventuras. São dele as seguintes palavras, que iluminam o seu percurso no romance: “Viver sem Deus é uma responsabilidade muito grande, mas, como qualquer responsabilidade, faz-nos crescer.” (p.99)

O romance A Rainha Ginga tem 278 páginas e o seu preço são 17,70 euros.

Por Susana Gonçalves
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