À Descoberta Do Mármore Em Vila Viçosa

Reportagem de Tânia Fernandes e António Silva

vvicosa_01[dropcap]P[/dropcap]ela fachada tradicional, ninguém diz que o edifício esconde um luxuoso palácio oriental. O Alentejo Marmóris Hotel & Spa, em Vila Viçosa, é um elogio ao mármore. A indústria local de extração e transformação desta rocha, ganha aqui forma, fazendo deste hotel uma espécie de catálogo de aplicação do mármore.

Ao requinte soma-se a gastronomia alentejana, reforçada recentemente com a entrada do Chefe Pedro Mendes no restaurante. O tempo livre pode aqui reverter a favor do corpo, recorrendo aos serviços disponíveis do Spa, ou da mente, na possibilidade de visitar os diferentes núcleos museológicos na área envolvente, cuja atividade se desenvolveu em torno da antiga residência dos Duques de Bragança.

O Hotel

marmoris_01Até podem parecer pinturas, mas as cores que sobressaem das paredes e do chão do hotel são de diferentes qualidades de mármore, oriundas de todos os cantos do planeta. Os tons mais suaves como o branco ou o rosa têm origem local, mas as cores mais fortes vêm de fora.

“O brilho do mármore” aponta Manuel Alves, proprietário do Alentejo Marmòris Hotel & Spa, é o fator que seduz as pessoas e faz deste hotel um exemplar único no mundo. Esculturas complementam um espaço em que a rocha tem lugar de destaque. O que foi um antigo lagar de produção de azeite deu lugar a um hotel de cinco estrelas, com design de contornos orientais, que abriu no início deste ano.

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O Alentejo Marmòris Hotel & Spa tem 45 quartos, entre os quais uma luxuosa suite árabe, quatro suites (duas das quais junior), 24 quartos de modelo superior e 16 quartos de modelo clássico. Uma particularidade: não há duas casas de banho iguais, dando largas à expressão artística na divisão onde maior utilização se faz desta nobre pedra.

A atmosfera de mármore na sua forma mais original é sentida no Stone Spa, escavado numa pedreira. Este espaço dispõe de 4 salas de tratamentos, uma piscina interior que comunica com a exterior, circuito de duches de pressão, banhos quentes e frios, sauna e centro de fitness.

O Restaurante

Narcissus_03Pedro Mendes é o Chefe que acabou de pegar nos tachos do restaurante Narcissus Fernandesii. “O que me atraíu para a gastronomia foi ter sido criado numa família em que a hora de estar à mesa era sagrada” partilhou durante a sua primeira apresentação neste espaço, dia 16 de novembro, o Jantar Vínico, promovido no hotel com os convidados Paulo Laureano e José Silva. A afinidade com a cozinha alentejana faz com que traga para a mesa sabores genuínos, produtos frescos do campo e da região. A bolota alentejana é um dos seus ingredientes de eleição “era usada antes dos descobrimentos, quando a batata ainda não tinha chegado a Portugal. No norte comia-se castanha, a sul comia-se bolota” explica Pedro Mendes.

O cocktail de boas vindas foi servido do lobby do hotel, com espumante a fazer a ligação com salmão fumado com azinho, tártaro de bacalhau, pepino com queijo fresco e ovas de salmão, queijos locais e carnes fumadas.

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O divertimento de boca foi um ceviche de garoupa com vinagrete de diospiro acompanhado de barriga de porco alentejano com beterraba. Seguiu-se um carpaccio de bacalhau com vinagrete de frutos silvestres e romã. O ingrediente especial chegou à mesa em forma de farinha através dos bolinhos de farinheira e bolota com compota de cebola roxa. De carne, foi servido um prato de caça alentejano. Cozinhado a baixa temperatura e durante muitas horas, o estufadinho de javali em massa folhada e cogumelos frescos trazia bem patente o paladar do zimbro e do cravinho. O requeijão de ovelha e lima com gelado de laranja de Vila Viçosa e poejos e crocante de bolota chegou na hora da sobremesa.

Paulo Laureano, que escolheu os vinhos que acompanharam todos estes pratos caracterizou, no final do jantar, o novo Chefe como um pintor de gastronomia, a avançar, na cozinha deste hotel, com um projeto arrojado em matéria de conjugação de sabores.

Atividades

Fora das portas do hotel, são inúmeras as propostas de atividades de lazer. A Rota Tons de Mármore oferece diferentes programas, de acordo com os interesses e disponibilidades, entre elas visitas a pedreiras, fábricas de transformação combinados com programas de gastronomia tradicional.

Há dois meses abriu o Museu do Mármore que tem não só amostras de mármore como de outras rochas, apresenta os objetos e instrumentos de trabalho utilizados e permite ver a evolução do processo de extração e transformação da rocha. Entre muitas outras curiosidades, encontram-se peças como o “crapaud” manual, também conhecido como “rebenta homens”, utilizado entre 1950/60 cuja função era mover blocos de mármore através da força humana.

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Em Vila Viçosa é ainda possível visitar o Paço Ducal, entregue à Fundação da Casa de Bragança. O imponente palácio, mandado construir em 1501, por D.Jaime, e cujas obras se prolongaram por duzentos anos, apresenta uma importante coleção de artes decorativas: pintura, escultura, mobiliário, tapeçarias, cerâmica e ourivesaria. Entre elas, muitos trabalhos artísticos de D.Carlos, o rei que demonstrou ainda talento pela caça, pesca e equitação. Os aposentos deste descendente da Casa de Bragança e da sua esposa, D.Amélia, mantem-se inalterados. Outra das grandes curiosidades desta visita é a passagem pela cozinha do palácio, que com as 700 peças expostas constitui a maior coleção de cobres da Europa.

Vila Viçosa é destino a assinalar na região do Alentejo. Gastronomia, cultura e hospitalidade genuína podem ser boas razões para entrar no carro e partir à descoberta!

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