A Cozinha Asiática do The Old House

The Old House
The Old House
The Old House

A gastronomia da província de Sichuan tem mesa posta no The Old House, restaurante aberto este verão, no Parque das Nações. A referência à província e não ao país, a China, é feita com a intenção de deixar à porta todos os preconceitos acumulados ao longo de anos de experiências sofríveis em restaurantes chineses. Aqui não vai encontrar arroz chau-chau ou banana fá-si.

A maioria dos pratos é bastante picante, dada a variedade de malaguetas que existem na região e são utilizadas na cozinha. Mas é o chamado picante de boca, que vem apenas intensificar os sabores. Deixámo – nos levar por que conhece e fomos agradavelmente surpreendidos com as sugestões.

Avançar com o pedido, numa primeira visita, pode ser o mais difícil da refeição. Porque é tudo novo e a própria divisão de pratos pouco tem a ver com o que estamos habituados. Mas essa já não é uma novidade para os chefes de sala que se revelam incansáveis no esclarecimento de dúvidas e mediante as preferências podem mesmo avançar com algumas propostas.

Este é o tipo de restaurante especialmente indicado para ir em grupo, pela variedade de pratos e a vontade de provar e partilhar um pouco de tudo. A tarefa de escolha é facilitada pelo suporte em que chega a ementa: um tablet com imagens e uma pequena legenda descritiva. Muita atenção ao número de malaguetas dos pratos, se tiver baixa tolerância ao picante.

The Old House

A Carta

Não há uma indicação específica na carta que refira entradas. O menu divide-se em pratos frios e pratos quentes, mas o que acontece é que podem todos chegar ao mesmo tempo à mesa. Os “acompanhamentos” também não são uma prioridade, pois os chineses preferem saciar-se primeiro com a iguaria e só no fim aconchegam o estômago com arroz ou vegetais.

Apesar de ter aberto em julho, já chegaram novos pratos à ementa, no final do verão, de forma a fazer a transição para a descida da temperatura. Um deles, que só entra em outubro é um ex-libris da região: o hotpot. Trata-se de um pote a fervilhar, que funciona como uma espécie de fondue, como nos explicaram, onde se podem cozinhar vegetais, camarões ou pato. É grande a variedade de pratos de carne, peixe mas também vegetarianos, feitos com tofu.
Uma vez chegado à mesa, pode optar por comer com pauzinhos ou com talheres. Certo é que o corte é feito na cozinha, facilitando a tarefa de quem está à mesa, que tem apenas de separar porções.

Construímos a nossa própria ementa, apesar de ter chegado tudo de forma rápida e ao mesmo tempo.
Começámos com umas Gyozas deliciosas. Depois, testámos a nossa tolerância ao picante em nível máximo da carta com o Frango The Old House. É verdade que não somos especialistas em malaguetas, portanto foi com uma agradável surpresa, que conseguimos perceber os muitos paladares dos ingredientes que envolvem o frango, apesar das labaredas que nos invadiram a boca. Já sem picante, mas com um despertar de sentidos pela envolvente de sementes de sésamo e vegetais, o outro prato de carne revelou-se mais próximo de outras fronteiras da cozinha asiática.

Um dos principais pratos da casa é o Peixe Assado da Casa, que na sua origem é feito com um peixe de rio, mas em Portugal é usado o robalo, devido à textura semelhante com o tradicional. É um prato para dividir, no mínimo por duas pessoas e optar por picante médio ou forte. Cozinhado com uma boa camada de especiarias, é rico em paladares. Ainda que o tabuleiro nos faça procurar semelhanças com o nosso peixe assado, não as vai encontrar. É uma espécie de viagem pelo oriente gastronómico. Gengibre, cominhos e malaguetas  são algumas paragens desta aventura.

Juntámos um arroz de soja, e uma couve pak shoi. O arroz não é solto e é feliz na combinação do frango. A couve, de origem asiática, ajuda, muitas vezes, a suavizar a intensidade de picante.

A carta de vinhos é pouco desenvolvida. Pela simples razão de que os chineses pouco ou nada bebem à refeição. Água ou chá, e geralmente só no final. Há as tradicionais cervejas. Em ocasiões festivas pode-se abrir um vinho, mas o mais comum é servir para selar o banquete. Percebemos rapidamente que teimar em beber vinho com pratos picantes é uma combinação de fogo!

Outra das decisões simples aqui é a sobremesa. Pois também não é um hábito na região de Sichuan. Com dois meses de funcionamento, e após bastante insistência junto do chefe, já há duas sobremesas bem dcces na carta: um creme de manga com pomelo (o pomelo é um citrino da região, cuja acidez vem cortar com o doce da manga) ou umas bolinhas de farinha de arroz com mel.

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O Espaço

O The Old House fica localizado na parte norte do Parque das Nações, junto ao rio. Espaço amplo, com dois pisos, capacidade de 180 lugares, cuidadosamente decorado, faz alusão à casa tradicional chinesa. Os potes de porcelana utilizados para guardar os ingredientes, as lanternas vermelhas chinesas ou as janelas de madeira trabalhadas a delimitar espaços, são alguns elementos colocados de forma harmoniosa por quem se preocupa com a fluidez de energias. O restaurante dispõe de duas salas comuns no piso inferior, e áreas delimitadas no piso superior mais indicadas para receber grupos e dar-lhes a devida privacidade. A vista para o rio parece combinar com a decoração.

Frequentado por muitos asiáticos, o restaurante tem atendimento personalizado de acordo com os grupos. Ficámos a saber que há colaboradores desta casa que não falam sequer português. Entre eles se inclui o chefe de cozinha, sempre pronto a atender aos pedidos dos seus conterrâneos. Esforçam-se sempre para que os clientes sejam convidados, nesta casa tradicional.

Há intenção de dinamização de ações culturais relacionadas com a região.  O The Old House pertence a um grupo de restaurantes muito populares na China: Laofangzi. Têm mais de trinta estabelecimentos abertos e já contam com vinte anos de experiencia. É de lá que vêm os chefes de cozinha e alguns dos colaboradores. O The Old House, no Parque das Nações, foi o primeiro restaurante a abrir fora da República Popular da China.

Abre diariamente, para almoço entre as 12h00 e as 15h00 e para jantar das 19h00 às 23h00. Dadas as suas características, é possível a realização de eventos mediante marcação prévia.

Reportagem de Tânia Fernandes e António Silva

 

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