A Banda Sonora De 60 anos De Carreira De Ennio Morricone Na Altice Arena

Reportagem de Tânia Fernandes e António Silva

Ennio Morricone
Ennio Morricone

Ennio Morricone, o compositor italiano que ficou conhecido por criar bandas sonoras para o cinema western, atuou a noite passada na Altice Arena. Aos 90 anos, o concerto foi anunciado como uma despedida, mas a sua presença em palco relega a idade para um mero formalismo.

A agilidade com que ergue a batuta no ar e constrói a linguagem com a qual comunica com as duas centenas de músicos e cantores que tem pela frente, impõe respeito. O público, rendido, escutou com toda a consideração a atuação que se prolongou por mais de duas horas, além do intervalo de cerca de meia hora. Aplausos estrondosos entre combinações de músicas permitiram prestar louvor a Ennio Morricone. Sem dirigir a palavra ao público, o maestro, mostrou-se agradecido, com pequenas vénias reforçadas com a colocação da palma da sua mão junto ao peito.

O concerto, em Lisboa, contou com uma seleção de temas do trabalho criado ao longo de sessenta anos. A sua prolífera carreira estendeu-se a mais de meio milhar trabalhos, entre bandas sonoras de filmes e programas de televisão. Aos nossos ouvidos, chegaram músicas de filmes como Novecento de Bernardo Bertolucci, O Bom, O Mau e O Vilão de Sergio Leone, Os Intocáveis de Brian de Palma, Cinema Paraíso de Giuseppe Tornatore e Os Oito Odiados de Quentin Tarantino, entre outros. O reconhecimento acabou por ser maior, quando se lhes juntaram as vozes femininas. Primeiro, com a cantora soprano italiana Susanna Rigacci. Depois um calor humano desmedido recebeu a voz portuguesa Dulce Pontes. Interpretou primeiro “A Luz Prodigiosa”, participou depois em Afirma Pereira e destacou-se com “Abolição” (do fime Queimada).

A sobriedade caraterizou este concerto. O  palco manteve-se bem iluminado, sem grande aparato cénico e o público pôde acompanhar alguns detalhes da atuação, de alguns dos músicos, através dos dois ecrãs laterais, suspensos. A título informativo, foi sendo indicado o nome da música e título do filme. Foi a música a valer por si só, sem engenhos de luz, imagem ou cenários.

Lisboa vai reter a imagem de Morricone concentrado na sua pauta e na capacidade de emocionar pelo resultado dos gestos da sua batuta.

60 Years of Music World Tour foi a digressão iniciada em 2016, com mais de cinquenta concertos,  em 35 países. Termina no seu país de origem, Itália, com uma última atuação, a 29 de junho de 2019, na cidade de Lucca.

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