7ª Edição Do Risorius Arrancou Com Monólogo Todas As Coisas Maravilhosas

Reportagem de Rosa Margarida e Paulo Soares (Fotos)

No monólogo intimista Todas as Coisas Maravilhosas, de Ivo Canelas, a adaptação portuguesa do espetáculo de sucesso escrito por Duncan MacMillan, o 7 (sete) é um item na lista ou a melhor faixa de um disco de vinil. A 7ª edição do Risorius prepara-se para ser a melhor de sempre e arrancou na noite de 24 de janeiro com a maravilhosa interpretação de Ivo Canelas.

Risorius – Um Festival de Humor que leva ao palco do Cineteatro Alba, em Albergaria-a-Velha, não “apenas” gargalhadas – como se isso não fosse mais do que suficiente, mas esperança, amor e humor polvilhado com tragédia e vida, como é o espetáculo Todas As Coisas Maravilhosas; ou ainda política, com os ministros que fazem a diferença – João Miguel Tavares, Pedro Mexia e Ricardo Araújo Pereira, moderados por Carlos Vaz Marques, o Governo Sombra, no dia 25 de janeiro; a apresentação do livro Ainda Bem Que Ficou Desse Lado, de Pedro Boucherie Mendes e a incontornável stand-up comedy, no sábado, com Carlos Vidal, Diogo Faro, Guilherme Duarte, Jel (Homens da Luta) e Nel Monteiro e a fechar o festival, no dia 27 de janeiro, uma sessão de cinema com Parque Mayer no domingo, pelas 18h00.

O espetáculo Todas As Coisas Maravilhosas, que esgotou o Time-Out, em Lisboa, encheu, literalmente, o palco do Cineteatro Alba. Um monólogo intimista, único, avassalador e inquietante de Ivo Canelas. Sozinho – ou talvez não – em palco, o ator convida o espetador a participar no espetáculo e fá-lo de uma forma tão inovadora e fluída que sugere um ensaio que nunca chegou a acontecer.

A primeira página da esstória é bastante simples – ou talvez nada seja tão simples assim: um pai ausente, uma mãe depressiva e suicida e um filho (Ivo Canelas) que cresce, ao longo da história; que prende o público até ao último suspiro; que revive cada fase da sua vida, como se o passado fosse presente; um adolescente revoltado; um jovem que se apaixona; um homem triste; um ator fantástico…e uma lista, A lista das Mil coisas Maravilhosas pelas quais vale a pena viver: uma lista que se transforma em post-its; em anotações espalhadas pela casa; de diferentes caligrafias, com diferentes cores; desenhos, notas de rodapé…as mil coisas que, ao longo da vida, “quase” se transformam em um Milhão.

E ainda que se trate de um monólogo, o público poderá “cruzar-se” com a Drª Fernanda, a Gabriela ou o pai do protagonista e ainda ser “convidado” a participar na elaboração desta lista maravilhosa, ao som de Elis Regina ou de Jorge Palma, onde não faltam diretivas da Organização Mundial de Saúde, A Paixão do Jovem Werther ou Se numa noite de Inverno um Viajante.

Apesar do tom cómico, a peça aborda temas como a depressão, a família, o amor ou as rotinas. A fluidez em que a gargalhada dá lugar à reflexão e o sorriso rasgado passa a “silêncio ensurdecedor” cativa o público até ao último segundo. A felicidade que assusta, a euforia, a reação exagerada ao stress, o isolamento, a melancolia e tantas outras questões abordadas.

Saímos com vontade de regressar, voltar a entrar no mundo daquela criança, reescrever a sua história, inventar uma nova lista de Todas As Coisas Maravilhosas, apagar o “contágio social” e desejar que a vida fosse muito mais do que “enquanto houver estrada p’ra andar” ou “para abraçar seu irmão / E beijar sua menina, na rua / É que se fez o seu braço,/ O seu lábio e a sua voz…”.

Para os génios torturados, mas também para os “comuns mortais”, há uma lista com gelados, a voz da Elis Regina, comer a sobremesa antes do prato principal e, se me permitem, o item que não pode faltar: ir ver o espetáculo Todas as Coisas Maravilhosas!

A peça estará em maio no Porto.

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