Mira, a jovem de 16 anos protagonista deste livro é uma delas. Começa por sobreviver graças ao contrabando de alimentos no gueto de Varsóvia onde os nazis aprisionam os judeus e acaba por se juntar à Resistência.
Na realidade Mira, Daniel e Amos são personagens fictícias, criadas para servir de fio condutor a uma história real e que não pode ser esquecida para que nunca mais se possa repetir. David Safier usa-as para contar uma história extraordinária e que merece ser lembrada, o facto das vítimas se terem defendido. Na Segunda Guerra Mundial, em Varsóvia, 1200 judeus, na sua maioria entre os 13 e os 20 anos, organizaram um levantamento e resistiram durante 28 dias à crueldade de serem levados como vítimas, sem resistência, como animais para matadouros.
Ao longo do livro vamos vivendo história sobre a grandeza humana mas também sobre a cobardia. Os sentimentos são levados ao limite. E o romance, sendo uma obra de ficção, não é fictício pois inspira-se em episódios reais.
Para quebrar o impacto, por vezes tão violento que nem a própria Mira resiste, e talvez inspirado no feiticeiro do Oz, vai sendo contada outra história, fantástica e surreal, num mundo de 777 ilhas onde ninguém morre e a fantasia é a lei suprema. Este mundo serve de escape ao mundo real, que por vezes pode ser tão cruel e sem esperança, que é preciso ir mais longe para que a mente consiga sobreviver a todo o terror presente no dia-a-dia.
Entre a fantasia e a ácida realidade, Mira vai sobrevivendo passando de uma jovem consciente embora cheia de sonhos para uma adulta que sentiu toda a crueldade humana cedo demais, tendo sido obrigada a ficar viva.
28 Dias é para ler de uma só vez, de um fôlego, e no final relembrar que não foi assim há tanto tempo que este pesadelo que levou ao extermínio de milhares de pessoas acabou.
28 Dias de David Safier é uma edição Planeta, tem 360 páginas e um preço de venda ao público aproximado de 18,85 euros.
Por Teresa Leal