Loucos No Festival O Sol Da Caparica Com Matias Damásio

Reportagem de Tânia Fernandes

Os ritmos de Angola foram os mais aplaudidos na terceira noite do Festival O Sol da Caparica. Matias Damásio deu dose dupla de “Loucos”, entre aulas de semba e uma generosa medida de boa disposição. Na mesma noite, os Trovante, em atuação especial, percorreram quarenta anos de carreira, com muitos dos seus grandes êxitos.

De acordo com a organização, 65 000 pessoas fizeram a festa no Parque Urbano da Costa da Caparica.

Estão já confirmadas as datas da próxima edição: de 16 a 19 de agosto de 2018.

Menos pessoas, no terceiro dia de festival e logo a sensação de conseguir usufruir melhor do espaço. Mishlawi começou por ser um fénomeno no Youtube e confirmou que a sua popularidade é bem real. O universo do hip hop tem um nome a fazer furor, tal como se pode constatar na primeira atuação da tarde. Seguiram-se Os Quatro e Meia, um projeto de música portuguesa que combina o som de guitarra, contrabaixo, violino, acordeão, bandolim e percussão. Navegam do pop-rock ao fado, através de agradáveis melodias.
Depois, assistiu-se ao regresso do cantautor Samuel Úria a este festival, com Carga de Ombro, o disco que lançou em 2016. Em palco, dispôs os trabalhos de ilustração de Pedro Lourenço, o artista que assina também a exposição “Ruar”, no Lounge Floresta do recinto. Sempre muito comunicativo e a fazer questão de estabelecer proximidade com o público, Samuel Úria aproveitou para dedicar um tema a este seu amigo.

Teresa Salgueiro, conhecida pelo seu percurso à frente dos Madredeus, foi a primeira a pisar o palco principal do festival. Figura quase celestial, reforçada pelo vestido branco, ofereceu momentos de grande beleza ao público que chegava ao recinto. Trouxe temas do seu mais recente trabalho Horizonte sem esquecer o seu percurso anterior, e mais conhecido, nos Madredeus. Fechou com “Pastor”, um tema de 1990, que o público recordou com prazer.

O palco foi de seguida invandido pel’Os Tubarões. A lendária banda de Cabo Verde aqueceu com as suas mornas, coladeira e funaná.

Do outro lado do recinto, a música alternativa tomou conta do palco. Primeiro com os Best Youth e depois Sean Riley & The Slowriders.

Imbatível foi a prestação das crews no palco dança que, nos intervalos da atuação das bandas, conseguiram atrair grande número de festivaleiros. Animação e boa disposição sempre garantida, à qual se junta elevada preparação física e talento.

A história dos Trovante cruza-se com a Costa da Caparica, num período em que a banda ensaiou numas garagens, no centro, na década de oitenta. Luís Represas recordou o episódio com carinho, em palco, e explicou que depois de ensaiar num espaço fechado, era ainda com maior prazer que saíam para ir ver o mar da Caparica… e namorar.
Com atuações muito pontuais, a banda voltou a reunir-se neste festival, para um percurso de êxitos em que recordou 40 anos de carreira. “Noite de Verão”, “Travessa do Poço dos Negros” ou “Memórias de um Beijo” parecem ainda estar muito presentes nas pessoas que assistiam, que acompanharam o refrão com entusiasmo. Oportunidade ainda para ouvir a poesia cantada de Florbela Espanca em “Perdidamente”. Fecharam com “125 Azul”, canção adequada ao ambiente.

Manel Cruz, tão bem acolhido na noite anterior, enquanto convidado de Carlão, acabou, neste dia, por sofrer as consequências de um alinhamento desajustado. Tocar depois das 23h, antes de Matias Damásio e no palco maior, parece não ter sido a melhor escolha. Eles tinham publico, ansioso nas primeiras filas, com mensagens escritas em cartazes, que acabaram por não ter qualquer impacto. Talvez num outro horário ou espaço resultasse melhor. Manel Cruz optou por apresentar os seus temas novos, sem conseguir criar empatia com quem assistia.

Para o final, a mega estrela de Angola, Matias Damásio que, antes de pisar o palco, se apresentou através de um vídeo no ecrã. Prémios, discos vendidos e visualizações, tudo em números para que não restasse qualquer dúvida da enormidade do artista. Depois, o jeito safado, de quem sabe falar com as mulheres, a animar todo o concerto. “Deixa só dizer uma coisa importante: vocês estão muito bonitos” atirou logo no início.

O estilo de música quente contagiante, deixou o público a dançar. E quem não sabia bem como fazer, teve também direito a uma masterclass no momento. Começou com “Vim devolver” e “Porquê”, mas o que todos queriam ouvir era “Loucos” que o cantor repetiu depois em encore.

No último dia de O Sol da Caparica, o recinto foi transformado num gigante parque de diversões e invadido, logo de manhã, pelas crianças. Os insufláveis são muito concorridos e há também jogos e muita animação.

De manhã, Luís Represas, substituiu Rita Guerra que teve de cancelar a atuação, por motivo de doença, completando assim o programa iniciado com o projecto Palavra Cantada. A tarde começou com Mão Verde no palco, o projeto de Capicua e Pedro Geraldes.

O Sol da Caparica regressa em 2018, de 16 a 19 de agosto, anunciou a organização.

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