15 anos de FMM: De Ouvir e Dançar Por Mais

Reportagem de Ângela Nobre

Shibusa_Shirazu_Orchestra02

[dropcap]U[/dropcap]ma semana volvida do fim de mais um Festival Músicas do Mundo (FMM) de Sines, o 15.º, e já o tradicional saudosismo português pelas descobertas começa a fazer-se sentir entre os habitués. Ouvir e voltar a ouvir os albuns com trabalhos dos músicos que por lá passaram é bom, mas não é a mesma coisa. Fica a experiência, a descoberta e a espera pelo próximo. 

Embarcar numa viagem em que, além de se ouvir, se cheira, se sente, se saboreia e se vê a música é algo que tem de ser feito de corpo e alma e “com espírito de aventura”.

Dos mais de 40 concertos, entre 18 e 27 de Julho, distribuídos pelos palcos do Castelo, da avenida Vasco da Gama e do Centro de Artes de Sines, é difícil de destacar um único espectáculo entre tantos tão diferentes, cada um a seu ritmo, cada um com o seu encanto e personalidade.

Entre músicos do Mali, EUA, Brasil, França, Bélgica, República Democrática do Congo, Bósnia-Herzegovina, Holanda, Senegal, Ucrânia, Angola, Cabo Verde, Noruega, Espanha, Marrocos, Paquistão, Colômbia, Jamaica, Arménia, Argélia, Japão, China, África do Sul e  Nigéria, Portugal também esteve representado, como não podia deixar de ser, com Custódio Castelo, Celina da Piedade, JP Simões, Cristina Branco, Mu, Orquestra Locomotiva  e os Gaiteiros de Lisboa, sem contar ainda com as formações musicais “multinacionais”.

Com espectáculos mais intimistas e outros mais energéticos, feira, tasquinhas com especialidades locais, workshops de música para crianças, encontros com escritores e exposições, o público acaba por se distribuír entre as muralhas do Castelo, a baía de Sines, as ruas da zona histórica e o Centro de Artes.Esta expedição cultural, que se quer abrangente, aguça a curiosidade de um público tão diverso (ou quase) quanto os músicos que tem pela frente: famílias com netos, pais e avós, adolescentes, especialistas em música ou meros curiosos, portugueses e turistas estrangeiros, estudantes, professores, autarcas, engenheiros, médicos e enfermeiros, jornalistas e fotógrafos, operários e gestores.

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Do jazz ao hip hop, rock, blues, ska ou fado, dub, reggae ou ainda música electrónica ao flamenco entre muitos outros estilos, seja com sonoridades mais tradicionais ou de fusão, há música para todos os gostos, ou então para os descobrir.

A energia dos repetentes Dubioza Kolektiv (Bósnia-Herzegovina), a surpresa de Dakhabrakha (Ucrânia), o espectáculo cénico da Shibusa Shirazu Orchestra (Japão), a voz inconfundível da portuguesa Cristina Branco ou os ritmos de Femi Kuti & The Positive Force (Nigéria) conquistaram o público. Mas de tantos outros espectáculos se pode dizer o mesmo, que se torna injusto salientar apenas alguns.

Entre boas notícias, também as más, sinal de que nem sempre tudo corre bem, mas nem sempre o que começa mal acaba mal: o cancelamento de Trilok Gurtu, considerado um dos melhores percussionistas do mundo, que não conseguiu chegar a Sines a tempo de subir ao palco com Tigran Hamasyan. Uma surpresa que se revelou “agridoce”, com a performance deste jovem pianista arménio que acabou por enfrentar o palco sozinho. Mas com ele conseguiu levar o público que ficou rendido ao seu inegável talento, mesmo com a notícia inesperada de ter que adaptar o concerto.

A 15.ª edição do FMM foi mais uma festa da “diversidade” e de “abrangência” que é vista pelo presidente da Câmara Municipal de Sines, Manuel Coelho, como um “serviço público” de cultura, que tem também um “importante contributo económico” para os negócios locais.

“É um festival que pretende abranger todas as camadas etárias sem ser pimba nem elitista”, sublinha, fazendo questão de lembrar que o “serviço público é a sua marca e caracterização”, sendo precisamente “concebido e produzido pela Câmara Municipal e pelos funcionários”, a quem aproveita para deixar o “reconhecimento por todo o empenho”.

Acabada mais uma edição, “a mais participada de sempre”, segundo a organização, a cidade descansa agora do corropio de mais de uma semana de concertos. Para o ano há mais, esperamos!

 

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