Rock in Rio 2012: O número de visitantes duplicou no segundo dia para um cartaz repleto de grandes nomes do rock e nu-metal

Por Sara Peralta (texto) e Sara Santos (fotos)

O primeiro fim de semana do Rock in Rio Lisboa levou 125 mil pessoas ao Parque da Bela Vista, com 42 mil no primeiro dia, e quase duplicando no segundo, com 83 mil.

Smashing Pumpkins, banda de culto com fiéis seguidores, actuaram para uma plateia vastíssima, antecedidos por Linkin Park, forte aposta e principal razão da afluência à Cidade do Rock, aqui actuando pela segunda vez, caso também de Offspring, com animados fãs prontos a saltar ao som do seu rock com sabor a punk, e Limp Bizkit, que mataram as saudades do público de “Chocolate Starfish and the Hot Dog Flavored Water”. Houve ainda Rita Redshoes, Moreno Veloso, Xutos & Pontapés, Mafalda Veiga, e muitos outros.

À entrada da Cidade do Rock as filas eram ainda mais longas e mais antecipadas do que no dia anterior. Ansiosos, os fãs exibiam bandeiras e cartazes em honra dos seus ídolos, preparados para a corrida da abertura de portas. Às 16h00, o habitual cenário repetiu-se: dezenas e dezenas de fãs correram para o Palco Mundo para conquistar o seu lugar na primeira fila. O negro voltou a predominar, mas desta vez foi Linkin Park, a banda que mais se avistou nas T-Shirts.

Às 17h00, perante uma plateia ainda escassa, Rita Redshoes e Moreno Veloso pisam o palco Sunset para uma colaboração animada. Rita dançou e encantou, num concerto que começou com as músicas balançadas de Veloso e passou pelo conhecido reportório de Redshoes, juntando músicas em português e em inglês de registos diferentes.
Passeando pela Cidade do Rock, o público ouve desde músicas das bandas que ali irão marcar presença ao vivo, a Michel Teló, passando por Bob Marley ou Adele, e ainda Larkin ou Murdering Tripple Blues ao vivo no Vodafone Showcases; deslizam em frente ao Palco Mundo no Slide, fazem fila para ganhar um sofá insuflável ou uma crista postiça cor-de-rosa, descem com adrenalina na Montanha Russa, ou depositam embalagens no ecoponto da Sociedade Ponto Verde acumulando pontos para se habilitarem a um prémio.

Pouco depois das 18h00, o Sunset voltou a dar música com Mafalda Veiga e Marcelo Jeneci, num concerto mais “intimista”, que deixou os músicos a pensarem noutra futura possível colaboração.
Ao mesmo tempo a Street Dance anima os espectadores com os Jukebox e as crews semi-finalistas.
O espaço da Rock Street continua a ter muito boa afluência, com público que se dirige para a alimentação ouvindo os músicos de rua, ou procura coleccionar brindes rodeado pela animação de diversos performers. Do coreto sai a sonoridade blues de Nobody’s Bizness, que em muito ajuda a atmosfera do espaço cenográfico. A animar o mesmo estiveram antes The Mingus Project e viria mais tarde TJ Johnson.

Às 19h00, Fred Durst recebeu os portugueses em grande, abrindo o concerto de Limp Bizkit com “My Generation” perante uma plateia pronta a fazer mosh e onde não faltou cerveja a voar pelos ares. Recuperando a nostalgia do final da década de 90 e início da seguinte, de um género musical que se começava a definir, e dos êxitos de “Chocolate Starfish and the Hot Dog Flavored Water”, Fred Durst mostrou-se satisfeito com o regresso a Portugal, presenteando os fãs com 10 músicas das quais mais de metade pertenciam ao já referido álbum, e do último apenas uma se fez ouvir. Durst manteve-se bastante comunicativo com os fãs, e mencionou até as bandas que se seguiriam, começando a entoar “In the End” de Linkin Park (que o público pegou cantando o refrão em coro), bem como “Why Don’t You Get a Job” de Offspring, e obtendo uma sonora exclamação ao referir a actuação de Smashing Pumpkins. Sempre com energia, em “My Way” o público regressou a uma maior agitação, acompanhando a letra, e em “Break Stuff” o vocalista percorreu a passadeira do palco até à régie, surpreendendo e puxando pelos fãs que se encontravam mais atrás na plateia. Com “Behind Blue Eyes” toda a Cidade do Rock cantava em coro, e “Nookie” e “Rollin’” voltaram a trazer o mosh para encerrar o concerto. O alinhamento foi composto por: “My Generation”, “Hot Dog”, “Livin’ It Up”, “Bring It Back”, “My Way”, “Break Stuff”, “Take a Look Around”, “Behind Blue Eyes”, “Nookie” e “Rollin’”.

Entretanto, já a parceria entre Xutos & Pontapés e Titãs marcava o palco Sunset. Os dez músicos repetiram a experiência do Rock in Rio de 2011 no Rio de Janeiro com esta colaboração lusófona a que não faltaram fãs incondicionais destes embaixadores do rock português. Frente a uma plateia numerosa, o enérgico rock dos Xutos com letras acompanhadas em coro pelos presentes, aliou-se à sonoridade punk dos paulistas Titãs, o público vibrando com a banda portuguesa e apreciando as músicas contestatárias da banda brasileira, num concerto oferecido com entusiasmo por todos os elementos.

Às 20h30, perante um Parque da Bela Vista composto, onde quase já não restava espaço na primeira porção de relvado, Offspring deram início a um concerto onde não faltaram “Why Don’t You Get a Job”, “Staring At The Sun” ou “Original Prankster”. Tendo pisado o mesmo recinto em 2008, a banda regressou para animar público de diferentes gerações, puxando pelos que os ouviam em jovens em tempos mais distantes e conquistando os que são jovens hoje. Abrindo com “You’re Gonna Go Far, Kid”, a banda prosseguiu com “All I Want” e “Come Out and Play” para uma plateia eufórica elogiada por Dexter Holland: “You’re a great crowd”. Do álbum “Americana”, mais presente na memória dos jovens (na casa dos 20) que populavam o recinto, tocaram 6 músicas entre as quais a obrigatória “Pretty Fly (For a White Guy)”. Com a banda a puxar pelo público e vice-versa, o concerto enérgico encerrou com “Self Esteem” acompanhada em coro e terminando sob aplausos. O alinhamento foi “You’re Gonna Go Far, Kid”, “All I Want”, “Come Out and Play”, “Days Go By”, “Have You Ever”, “Staring At The Sun”, “Original Prankster”, “Walla Walla”, “Hit That”, “Kristy, Are You Doing Okay?”, “Why Don’t You Get a Job”, “Americana”, “(Can’t Get My) Head Around You”, “Pretty Fly (For a White Guy)”, “The Kids Aren’t Alright” e “Self Esteem”.

Seguiu-se então a banda que mais público levou ao recinto: uma numerosa audiência expectante acolheu Linkin Park por volta das 22h00 no Palco Mundo. Apresentando ao público os dois singles do álbum ainda por sair, a actuação da banda foi protagonizada pelos seus êxitos, que provaram estar bem vivos na memória dos presentes. Chester Bennington e Mike Shinoda inauguraram a digressão europeia com um concerto que não perdeu gás e foi sempre acompanhado de braços no ar, saltos, e coro. Das 12 músicas de “Hybrid Theory” apenas não tocaram 4, a outra maioria pertencendo a “Meteora”, num alinhamento com mais de 20 músicas que não desiludiu. Abrindo com “A Place For My Head” e apresentando a nova “Lies Greed Misery” e “Burn it Down”, a banda não esqueceu “Crawling” ou “Breaking The Habit” que bem agitou a plateia, nem “Numb” ou “In The End” entoadas num coro de largos milhares de vozes, tocando ainda um medley que incluiu “Iridescent”, “Shadow of the Day” e “Leave Out All the Rest”. Passando por “Given Up, “Faint”, e “From The Inside” num concerto bem ritmado, a banda prestou homenagem aos Beastie Boys com uma bridge de “Sabotage” no meio de “Bleed It Out”, e fechou o espectáculo em alta com “One Step Closer”.
Alinhamento: “A Place For My Head”, “Given Up”, “Faint”, “With You”, “Runaway”, “From The Inside”, “Somewhere I Belong”, “Numb”, “Lies Greed Misery”, “Points of Authority”, “Waiting For The End”, “Breaking The Habit” “Leave Out All the Rest/ Shadow of the Day/ Iridescent”, “The Catalyst”, “Burn It Down”, “What I’ve Done”, “Crawling”, “New Divide”, “In The End”, “Bleed It Out”, “Papercut”, “One Step Closer”.

Depois das 00h00 chegou a vez da banda liderada por Billy Corgan. Smashing Pumpkins arrancaram com três dos seus mais conhecidos singles: “Zero”, “Bullet With Butterfly Wings” e “Today”. Com tal impacto, os fãs de longa data receberam a banda em êxtase, e os mais jovens apreciaram a energia e a melodia do grupo, embora o entusiasmo decrescesse nas longas e experimentais versões de algumas músicas, bem como nas canções do disco por sair, ainda estranho ao público. “Tonight, Tonight” e “Ava Adore” puxaram pelo coro, e após uma pausa, a banda regressa para um encore que iniciou com “Disarm” bem acompanhada pela plateia, e passou por um cover da “Space Oddity” de David Bowie e pela mais agitada “X.Y.U.”, terminando com outro cover, desta feita de KISS: “Black Diamond”. E foi com esta nota rockeira que Smashing Pumpkins encerraram a sua prestação na Bela Vista, após alguma comunicação com o público, num concerto bem doseado entre os clássicos desejados pelos fãs e o novo reportório do grupo.
Alinhamento: “Zero”, “Bullet With Butterfly Wings”, “Today”, “Starla”, “The End Is the Beginning Is the End”, “Quasar”, “Panopticon”, “Tonight, Tonight”, “Ava Adore”, Neverlost”, “The Everlasting Gaze”, “Oceania”, “1979”, “Cherub Rock”, “Muzzle”, “Disarm”, “Space Oddity”, “X.Y.U.” e “Black Diamond”.

Para fechar o primeiro fim de semana de Rock in Rio 2012, na Tenda Electrónica ainda era possível gozar a madrugada ao som de Azari & III Live ou The Magician.

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