A estória imaginada pela autora situa-se na cidade de São Paulo, onde se ergue um edifício, que o leitor supõe de existência virtual, designado “Edifício Midoro Filho”. Aí se deslocam diariamente personagens que desejam sonhar – os “sonhantes” – e outras que condicionam as experiências oníricas dos primeiros – os “oneiros” – através de miniaturas de plástico.
O edifício é organizado de forma estritamente burocrática, não havendo nomes que individualizem as figuras que o frequentam. Na verdade, cada qual é designado apenas pela função que desempenha naquele conjunto – os “sonhantes”, as “vidantas”, os “oneiros” – ou pelas relações de parentesco – a “mãe”, o “filho”… As relações entre as diversas figuras são estritamente funcionais, não havendo lugar a emoções como o espanto ou a saudade.
Tudo muda, no entanto – e é nesse momento que a narrativa se inicia para nós – quando o “sonhante”/narrador sente curiosidade por dois dos seus pacientes. Estes, que partilham com o primeiro a narração da estória, são mãe e filho; uma mãe taxista que luta por todos os meios para chegar ao fim do mês e um jovem estudante de Publicidade que arranja emprego numa bomba de gasolina…
Este é um romance que combina o quotidiano difícil num subúrbio brasileiro e o universo do “maravilhoso” centrado num edifício-máquina gelidamente organizado, destinado a fazer sonhar. ..
O romance As Miniaturas tem 160 páginas e custa 13,30 euros.
Por Susana Gonçalves