Música E Humor Na Red Bull Culture Clash Lisboa

Reportagem de Tânia Fernandes e António Silva

Foi uma diferença mínima de decibéis que ditou a vitória da crew Paus & Pedras, a noite passada, no Coliseu dos Recreios. Na Red Bull Music Culture Clash Lisboa 2018 foi servida muita música, cantada por artistas portugueses e bom humor, conduzido por línguas afiadas.

Quatros palcos dividiam o recinto do Coliseu. Carlão e Alex D’Alva Teixeira conduziram a festa e foram ditando as regras do jogo. A cada crew foram atribuídos 4 momentos de atuação. Um microfone colocado no centro da sala fez o papel de juiz e o público teve apenas de se manifestar de forma ruidosa para definir o vencedor. A luta foi renhida e depois de um aparente domínio da Guerrilha cor-de-rosa, o prémio foi atribuído à crew Paus & Pedras, constituída por Joaquim Albergaria, Virgul, Carla Moreira, Dj Glue, Mike El Nite, Holly Hood e Silk.

Das 21h30 até quase à uma da manhã, o espetáculo foi de muita e boa música, mas também de muitas gargalhadas. As crews atiraram farpas umas às outras e tudo fizeram para demover os adversários. Interpretaram temas uns dos outros e recorreram a gravações de versões alternativas, que não deixaram ninguém indiferente.

As senhoras tiveram a honra de abrir a noite. Capicua liderou esta crew – Guerrilha Cor-de-Rosa na qual alinharam Dj D-One, M7 (Beatriz Costa), Ana Bacalhau, Eva Rap Diva, Marta Ren, Blaya e o ilustrador Vitor. Entraram encapuzadas e à medida que se apresentaram, foram dando a cara. Para alegria de muitos, as pernas, também.

A primeira apresentação dos Paus & Pedras também surpreendeu pelo ritmo frenético e a apresentação da banda. Silk assume o comando, com uma máscara de animal na cabeça. A atitude foi logo apontada por Richie Campbell, da crew Bridgetown que a primeira coisa que perguntou, ao pisar o palco, foi se aquilo era algum “baile de máscaras”. Avisou logo que estava ali para apresentar um clash de música e avançou para o seu reggae de conforto.

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Rui Pregal da Cunha trouxe toda a sua irreverência para a noite. Com roupa a fazer lembrar as encenações dos Heróis do Mar, avisou logo que ia fazer o que lhe apetecesse. Que era o que todos deviam fazer. “Façam o que vos vai na alma”. Assim, no primeiro round leu o velhinho Jornal Sete, referência de uma geração anterior à que estava no Coliseu e prometeu música mais para a frente.

Feitas as apresentações e testada a votação, foram abertas as hostilidades. Paus & Pedras combinaram hip hop, funk, com James Brown. Richie Campbell reforçou o seu set com Mishlawi e o Plutónio que ainda de muletas não perde mobilidade.

Rui Pregal Cunha traz uma versão extended do clássico “Amor” dos Heróis do Mar e é acompanhado em palco dos Capitão Fausto. A Guerrilha Cor-de-Rosa trouxe uma bomba para o palco. A drag queen Rebecca Bunny.

No round seguinte as crews são convidadas a pisar terreno alheio e explorar as rimas dos adversários. O resultado foi hilariante!

Luís Franco Bastos, dispensa a música, mas fez subir os decibéis com as piadas que atirou à volta. Richie Campbell acrescentou a este set gravações de Rui Veloso e de Tim dos Xutos que tornaram a noite memorável.

Os Memória de Peixe ajudaram a crew Ultramar a evocar “Paixão”. Esta nova viagem aos Heróis do Mar passou por “That’s How We Roll” de Richie Campbell e “Vayorken” de Capicua.

“O primeiro dia” de Sérgio Godinho fez a abertura da Guerrilha Cor-de-rosa. Um medley que passou por outros ritmos e beliscou a “Paixão” anteriormente ouvida. Eva Rap Diva soltou a língua no final e deixou recados bem explícitos a todos.

A resposta de Holly Hood foi com o tradicional “Doidas, doidas andam as galinhas” e a paródia apontou depois na direção dos outros palcos com “That’s How We Lol”, para o mentor da Bridgetown e “Caião” (uma adaptação selvagem de “Paixão”) para Rui Pregal de Cunha.

Contas feitas, depois das senhoras, são os Paus & Pedras que consegue angariar mais aplausos e gritos.

A última volta, com a duração de 15 minutos para cada crew, vai trazer convidados surpresa.

Rui Pregal da Cunha traz “Alegria” com o enérgico Igor, a voz dos Throes + Shine. Soltam-se os balões no ar e a apresentação é complementada com a teatralidade de uma bailarina clássica e uma cantora lírica.

Capicua traz a sua Guerrilha para o palco ao som de Skepta. Blaya recupera “Up All Night” dos Buraka Som Sistema e põe o público aos saltos na arena. “Que Safoda” de Dj Telio é dedicado aos concorrentes e todos riem à gargalhada. A voz inconfundível de Camané é o primeiro trunfo desta crew, com o tema de António Variações, seguido de Bruno Nogueira, e as suas divagações “pimba”.

Janelo reforça o set dos Paus & Pedra com os temas dos Kussundulola. Segue-se Carla Moreira, a dar voz a “Dedicatória” que todos no Coliseu acompanham em coro.

Bridgetown reforça o palco no último round com as rimas de Dengaz e Plutónio. Convida ainda Gson de Wet Bed Gang e depois Mayra Andrade que contribui com o ritmo de Cabo Verde para a noite. Não perdem oportunidade de deixar os recados gravados de Sam The Kid e fecham com uma belíssima versão dos Madredeus.

Teria de haver um vencedor. E acabou por ser a crew Paus & Pedras, mas contas feitas, todos ganharam uma noite excecional de humor e boa música.

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