Música de todo o mundo já marca o ritmo em Sines

Reportagem de Ângela Nobre (Texto e Fotos)

O Festival Músicas do Mundo (FMM) começou ontem a aquecer, em lume brando, o Castelo de Sines, com as atuações, muito bem recebidas pelo público que, embora longe de lotar a plateia entre muralhas, foi crescendo com o avançar da noite.  

“Périplus” deu o “sinal de partida” para uma viagem de oito dias entre culturas únicas de todo o mundo, na sua essência ou fundidas na linguagem comum que é a música. O “casamento” entre sonoridades tradicionais e poesia de dois países que partilham o mar mediterrâneo, interpretadas pela portuguesa Amélia Muge e pelo grego Michales Loukovikas, resultou em plena harmonia, reconhecida pelo público que, no final de tarde de quinta-feira, escolheu ver e ouvir de perto o espectáculo de abertura da 14.ª edição do FMM.

Com uma interrupção depois do primeiro concerto, o Castelo voltou a abrir portas, já ao caír da noite, para receber os Narasirato,que subiram ao palco pelas 21h45, antecipando o espectáculo, previsto para as 02h15, devido ao cancelamento do concerto do moçambicano Wazimbo. Vindos do arquipélago das Ilhas de Salomão, no Pacífico, a música trazida por estes músicos com ritmo nas veias, que irradiam energia usando instrumentos tradicionais artesanais, como flautas de bambu e percussões, fez esquecer o arrefecimento da noite que se começava a sentir. O público gostou, dançou e aplaudiu.

À “força tribal” vinda das Ilhas de Salomão seguiram-se os blues, com diferentes influências, de Otis Taylor Band e de Bombino. O americano Otis Taylor conseguiu conciliar numa harmonia tranquilizante o jazz, o folk e o rock. O espectáculo ficou marcado pela grande interacção com o público, tendo mesmo o músico chegado a descer do palco, misturando-se com a assistência enquanto tocava hamónica.

Os blues continuaram presentes no Castelo até ao final da noite, mas com Bombino, numa fusão com rock e tradição tuaregue. O público, resistente, permaneceu ouviu, vibrou e aprovou a música criada pelo descendente de uma família de pastores nómadas tuaregues, numa noite que terminou pelas 03h00.

Hoje, a música começa em português, com o espectáculo gratuito de Osso Vaidoso, pelas 19h00. Seguem-se os concertos pagos (€15/bilhete diário), a partir das 21h45, com Al-Madar (Líbano/EUA), L’Enfance Rouge & Lofti Bouchnak (França/Itália/Tunísia), Frigg (Finlândia) e Nortec Collective Presents: Clorofila + Los Mezcaleros de la Sierra (México). No sábado, a música continua a fazer-se ouvir no Castelo de Sines, com Dead Combo feat. Marc Ribot (Portugal/EUA), Oumou Sangaré & Béla Fleck (Mali/EUA), Marc Ribot y Los Cubanos Postizos (EUA), Imperial Tiger Orchestra & Hamelmal Abate (Suíça/Etiópia) e, a encerrar o primeiro fim-de-semana do 14.º FMM, Shangaan Electro (África do Sul).

As músicas do mundo “dão descanso” por dois dias, regressando a partir de terça-feira, 24, para mais cinco noites de concertos.

Artigo anteriorCorto Maltese dá o mote a exposição na Fundação Eugénio de Almeida
Próximo artigoCivilização publica Miramar de Naguib Mahfouz

Leave a Reply