MITO: "No Inferno" em Oeiras

Por Sara Santos

O Grupo de Teatro do Centro Cultural de Cabo Verde trouxe ao MITO a peça de teatro No Inferno, sua 43ª produção, baseada no romance homónimo de Arménio Vieira, no_inferno_6891com encenação de João Branco, e interpretações de Arlindo Rocha, Elísio Leite, Fonseca Soares, Manuel Estevão.

O espectáculo foi apresentado no novo espaço do Teatro Independente de Oeiras, em Santo Amaro de Oeiras, nos dias 3 e 4 de Setembro, à noite, inserido no ciclo dedicado ao “Mito Clássico”.

O Inferno, fala da angústia da criação. As consequências da dor, de a vermos como o inimigo que chega em tudo o que se repete. ” E com a angústia e a dor chegam os fantasmas, as vozes, as imagens e sobretudo, o peso do passado, as referências de tudo aquilo que já vimos e lemos, a memória como inimigo do novo, a balança empanturrada com todas as criações anteriores da Humanidade. Sem procurar respostas, esta peça vive do que se ouve e vê – como qualquer peça de teatro, em suma. Mas quase tudo o que se ouve e muito do que se vê, tem uma forte carga simbólica, no cenário, no registo interpretativo dos actores, na música e, claro, no texto. As asas, os cacifos, o leito, as sombras, os ossos, os livros gigantes que imanam luz, as diferentes formas que assumem os fantasmas que povoam o dia-a-dia do poeta, são tudo símbolos de um estado de espírito impossível de descrever de forma racional e objectiva, porque neste Inferno da criação, o caos é um ponto de partida e será, provavelmente, o ponto de chegada. Somos todos joguetes do destino. Não há como arrumar o caos, ordená-lo sem acabar com a sua própria natureza. Então o melhor é, como diz o poeta no final, “a gente retirar-se para um lugar onde haja flores – sobretudo rosas – beber vinho e morrer.”

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