Med em versão concentrada não deixou de ser um sucesso

Bom ambiente, boa música, boa comida, boa gente, boa onda: é assim que se pode definir aquele que é um dos mais prestigiados festivais de música do país, também reconhecido no estrangeiro. Terminou no passado dia 30 de Junho a 9ª edição do Festival Med, este ano em versão concentrada (2 dias), fruto dos cortes orçamentais que se fazem sentir um pouco por todo o país.

Apesar da crise, não deixaram de passar pela zona histórica de Loulé cerca de 12.000 pessoas nestes dois dias de festival, tornando-o um dos mais intensos de sempre. No último dia, a animação musical iniciou-se na igreja Matriz com o grupo de câmara Med Classic, oferecendo a quem lá se deslocou um concerto de música clássica de metais, com trompas e trompetes. Seguiu-se depois “The Mential Project”, um trio “Nuestro Hermano” que propôs uma fusão de vários estilos musicais, desde o rock, funk e jazz, passando pela musica étnica. Muito boa a sonoridade deste grupo criado recentemente que conta com músicos reconhecidos da andaluzia, incluindo Fernando Lamadrid, prémio revelação para melhor baixista de Espanha 2010. Quase em simultâneo, ouvia-se no palco do Arco “Shella Na Gig”, um grupo com músicos oriundos de vários países, mostrando as influências de cada um no repertório que interpretam, quer em estilos musicais quer na própria origem das músicas. Um grupo que em vários momentos fez certamente lembrar a quem o ouviu a sonoridade de grupos sobejamente conhecidos como por exemplo “The Chieftains”, com construções musicais complexas e pouco usuais. Norberto Lobo foi o primeiro português da noite. O guitarrista mostrou porque é um dos músicos cada vez mais incontornáveis do panorama musical nacional, com um estilo, dinâmica e ritmo cada vez mais seus e inconfundíveis.

Um dos momentos mais esperados da noite foi a atuação dos Jamaican Legends, um grupo que, durante apenas este ano, está em digressão para celebrar o 50º aniversário da independência da Jamaica. Quatro grandes mestres da world music unidos para explorar as diferentes vertentes do reggae. Uma nota apenas para o anúncio de Monty Alexander no piano a acompanhar Ernest Ranglin na guitarra, Sly Dunbar na bateria e Robbie Shakespeare no baixo, quando na realidade o piano esteve a cargo de Tyrone Downie. Mais um grupo português no Med, “You can’t win Charlie Brown”. Um grupo que certamente iremos ouvir falar nos próximos anos, a julgar pelo seu álbum de estreia e pela qualidade que apresentam em palco. Bom ritmo, boas melodias, bons coros, enfim, um som muito agradável e contagiante daquela que é para muitos a banda revelação de 2011. À meia noite, no palco da Cerca, outro dos momentos mais aguardados da noite para os entusiastas da world music: Boubacar Traoré, o incontrornável cantor, compositor e guitarrista do blues africano. O músico nascido no Mali, emigrante em França, apenas em 1990 viu a sua música ser reconhecida internacionalmente quando uma produtora britânica lhe acenou um contrato para gravar. A partir daí, as suas atuações um pouco por todo o mundo são “marca registada” deste estilo musical. A noite terminou com as atuações o DJ brasileiro Sany Pitbull e Clube Conguito, dando “energia eletrónica” ao encerramento do festival med 2012. Para além da música, o festival contou com diversas exposições no recinto, com destaque para “Abrindo portas para o Futuro”, um desafio feito pela Autarquia a 18 artistas nacionais e internacionais para pintarem as molduras das portas e janelas de casas devolutas da zona histórica, resultando muito bem em autênticas obras de arte embutidas nas paredes das ruas de Loulé. Reportagem de Paulo Sopa

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