A sua “representação” é bem mais profunda (no tempo e no espaço) que o teor do
sonho, da vigília, do transe, ou mesmo do êxtase, e está muito para além do alcance da Psicanálise, da História, ou mesmo da Ciência. Isto porque os conteúdos aprofundados são aqueles da consciência – em si. Numa condição superior a qualquer sonho, imaginação ou alucinação, a consciência recriadora deste autor aprofunda a leitura e codificação de anagramas de memória, circulantes – em potência – na nossa genética.
Por entre as fendas dinâmicas de uma exuberante realidade pré-mítica Luís Athouguia criou um código próprio pelo qual exprime a harmonia de um jogo entre opostos. Luís Athouguia recria em suporte ideogramas da consciência universal, os quais refletem o desejo radical a todo e qualquer ser existente, isto é, o querer saber na Natureza e o sentir do mais alto apelo Cósmico.
As suas linhas e cores, transfiguradas em painéis que não esbatem o universo maravilhoso em que estamos mas que aguçam os pensamentos perdidos no meio dos nossos sonhos, são pontes efetivas que nos transportam até à verdadeira eternidade. Não
aquela eternidade ilusória em que o fim não existe e em que os tempos se vão esticando até mais não… ele vai ao princípio, à matéria primordial, e é ali, naquele cadinho da alma, que encontra a verdade suprema e a totalidade do que não pode ser concebido.
O pintor Luis Athouguia é um criador que convida o espectador a fragmentar a ordem inicial e a descobrir insuspeitas coerências e subtis paradoxos na geometria abstrata de cada quadro.
Luís Athouguia vem apresentando os seus trabalhos desde 1983 em centenas de Exposições e Bienais de Arte em Portugal, Espanha, França, Alemanha, Itália. Representado em Museus, instituições e importantes colecções nacionais e estrangeiras, foi distinguido, com o Prémio Vespeira, na bienal do Montijo 1997; o Prémio Valentín Ruiz Aznar, Granada (E) 2004; e, o Prémio do Salão da Sociedade Nacional de Belas Artes 2011.
A exposição vai estar patente até dia 2 de Dezembro, de Terça a Domingo, das 9h30 às 12h30 e das 14h00 às 18h00.
Texto de Clara Inácio