Lisboa apresenta oficialmente Fado a património da Humanidade

O Fado nasceu um dia,
quando o vento mal bulia
e o céu o mar prolongava,
na amurada dum veleiro,
no peito dum marinheiro,
que, estando triste, cantava
que, estando triste, cantava.

José Régio

Na década de 40, José Régio escrevia assim sobre as origens do Fado, muitos contestaram, outros concordaram, outros falaram em lendas e muitos disseram que as palavras do poeta tinham um fundo de verdade, mas a verdade é que até hoje ninguém sabe ao certo como nasceu esta canção, de fundo triste e nostálgico, que erra pelas ruas de Lisboa.

Certo, certo é a sua originalidade e unicidade no mundo e foi a pensar nisso que um grupo de amantes da “dita” canção nacional se juntou, em conjunto com o Museu do Fado e  propôs o Fado a Património Imaterial da Humanidade da UNESCO.

Depois de mais de um ano a recolher apoios, nacionais e internacionais, a realizar várias iniciativas promocionais da candidatura e da recolha científica de variadíssimo material, escrito, ilustrativo e fonográfico é chegado o dia em que é apresentada oficialmente a candidatura do FADO como Património Imaterial da Humanidade.

A cerimónia vai decorrer hoje, em Lisboa, no Teatro Municipal São Luiz, pelas 21h30, altura para que está marcada a estreia da peça Sombras, da autoria de Ricardo Pais e vai contar com a presença do presidente da Câmara Municipal de Lisboa – dr. António Costa.

À frente da equipa de trabalho, encontra-se o musicólogo Rui Vieira Nery, ele próprio filho de um guitarrista – Raúl Nery, Sara Pereira do Museu do Fado, entre inúmeros outros estudiosos e figuras conhecidas, que elaboraram um Plano de Salvaguarda, que prevê a implementação de uma Rede de Cooperação Institucional através do Museu do Fado, Biblioteca Nacional, RTP, RDP, Museu da Música, Museu Nacional do Teatro, Museu José Malhoa, Fundação Amália Rodrigues, Cinemateca Portuguesa, entre outros, prevê ainda a criação de um Arquivo Digital de fonogramas do fado; um Programa Educativo do ensino básico ao superior, a Edição de Obras esgotadas e a criação de Roteiros do Fado.

Para os próximos meses estão previstas a publicação de livros, estudos e compilações de e sobre o Fado e vários debates e conferências, em que a polémica da origem da Canção Nacional e das suas características promete não faltar.

Por Elsa Furtado (texto e fotos)
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