Já chegou Entre Amigos do Mestre António Chainho

O Mestre António Chainho apresenta o disco Entre Amigos, um projeto muito acarinhado e desejado.

Há muito que queria fazer um CD assim, uma coletânea que reunisse as gravações que fui efetuando com grandes músicos e amigos com quem partilhei as últimas duas décadas da minha vida e carreira musical.

Nasci no Alentejo e vim para Lisboa ainda novo, à procura de poder tocar Guitarra profissionalmente. Era o meu sonho. A minha ambição. E Lisboa acolheu-me, e fez de mim cidadão desta cidade. A esta cidade, ás suas gentes, aos seus músicos, ás suas ruas e especialmente à sua música muito devo na vida. E acho que só Fado pode explicar isso que sinto. O Fado, e claro, a Guitarra Portuguesa.

Enquanto fui acompanhando grandes Fadistas nos meus primeiros tempos em Lisboa, mantive sempre o desejo secreto de compor peças para a Guitarra Portuguesa, e assim fui fazendo durante um longo período da minha vida muitas variações e improvisos. Neste CD, incluí dois deles: “Variações” (ou Improviso em Mi) onde sou acompanhado pelo meu amigo e violista de longa data, Fernando Alvim, e “Voando sobre o Alentejo” parceria com um grande amigo e músico, o Rão Kyao, com quem gravei um seu disco de enorme êxito: “Fado Bailado”.

Desafiou ainda o Camané  para gravar um original,  um Fado e chama-se Pietá. Das muitas tournées que efectuou no estrangeiro ficou marcado por Goa. Do disco Lisgoa escolheu o tema Beijo de Sal com letra e interpretação da Isabel Noronha, para incluir neste novo disco. Para esta coletânea incluiu temas tocados e cantados por artistas como o Armandinho, o Dominguinhos, o Ney Matogrosso, a Jussara Silveira, o Celso Fonseca e o Paulinho Moska. Adriana Calcanhoto fez uma música há uns anos a pensar na guitarra do Mestre e para um poema de Mário de Sá Carneiro – chama-se Vislumbre. Gravaram o tema em conjunto para este disco.

Entre Amigos é uma ponte musical, mas também da língua que nos une e, nunca é demais dizê-lo, da amizade. A amizade entre povos diferentes, sim, mas a amizade de uma mesma cultura. Por muitos anos a guitarra portuguesa esteve subjugada ao Fado. Era preciso libertá-la e eu penso que o consegui.

Texto de Clara Inácio
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