Para a mostra foram escolhidos retratos em forma de busto, em barro, do acervo da colecção do museu. Algumas peças tinham sido mostradas em conjunto em 1985, e não sucedendo com aquisições posteriores. Assim está exposto a melhor e mais completa colecção da temática.
Rafael Bordalo Pinheiro cultivou a escultura, conciliou este registo com o retrato. Modelou diversos bustos de personalidades, por iniciativa própria ou respondendo a encomenda, em homenagem privada ou pública; mas também imortalizou desta forma perfeitos anónimos, do género popular e/ou pitoresco.
De um mesmo modelo de busto encontram-se vários estudos em barro, cartas manuscritas, fotografias e páginas litografadas das suas publicações – através da análise destes restigos conclui-se que se dedicou à escultura a partir de 1888. Esta sua faceta foi objeto de criticas elogiosas e de mérito dos seus pares. Também os seus retratos em busto são naturalísticos, utiliza o barro como matéria final, optando por vezes pela utilização de processos cerâmicos.
A utilização dos recursos plásticos do barro permitiram-lhe o fabrico em série e industrializado, para a sua posterior comercialização, em resposta ao consumo contemporâneo. Ao colocar na peanha figuras anónimas, conferindo-lhes um inesperado estatuto, onde podemos reconhecer a sua vontade de fazer humor.
A exposição decorre na Galeria do Museu Bordalo Pinheiro, no Campo Grande, Lisboa. A entrada é gratuita e pode ser vista de terça-feira a domingo, das 10h00 às 18h00.
Texto de Clara Inácio Fotografias gentilmente cedidas pelo Museu Rafael Bordalo Pinheiro