Um dos espectáculos mais marcantes deste Festival realiza-se no grande Auditório da Fundação, Le Martyre de Saint Sébastien, nos dias 21 e 22, uma obra singular composta por Debussy a partir de um texto de Gabriele d’Annunzio. Dividida em cinco actos, Le Martyre de Saint Sébastien é uma obra fiel à estética simbolista cruzando misticismo, ocultismo, magia e sexualidade. A sua estreia deu-se num contexto conturbado, pois toda a obra dramática de D’Annunzio foi condenada pela Igreja e os leitores ou espectadores ameaçados de excomunhão. A obra acabou, com a duração de quatro horas, por ser estreada em Maio de 1911, e após uma dezena de récitas, nunca mais foi apresentada integralmente.
A versão agora apresentada, com cerca de uma hora e meia, assinada por Jean-Philippe Clarac e Olivier Deloeuil, procura revisitar a dimensão original da peça. A acção cénica parte de uma narrativa contada por personagens e pelo coro, com inserções de diálogos e monólogos, cruzando fragmentos do texto original de D’Annunzio com partes do filme Teorema, de Pier Paolo Pasolini, seguindo as revelações místico-eróticas de uma família burguesa tocada pela graça de um desconhecido chamado Sebastião.
Vão estar em palco o Coro e Orquestra dirigidos por Alain Altinoglu, a que se junta um elenco constituído por Micha Lescot, Karen Vourc’h, Éric Bougnon, Blanche Konrad, Marianne Crebassa e Marie Kalinine. A peça é legendada em português.
Programa completo do festival no sítio da Gulbenkian.
Texto de Clara Inácio