Daughter e Tiger Man foram as estrelas do segundo dia de Vodafone Mexefest

IMG_1838O arranque do segundo dia de festival estava marcado para as 20h00 e em dose tripla, com Pedro Esteves, o trio brasileiro Cícero, Momo e Wado e as portuguesas A.M.O.R., a convidar os festivaleiros a fugir do frio e rumar às salas do S. Jorge, BES Arte e Finança e para o descontraído terraço do Hotel Florida, respetivamente.

Enquanto isso, no outro extremo da Avenida, era a voz e o fado da minhota Gisela João que ia atraindo o público para a Sociedade de Geografia de Lisboa. E se este já é dos espaços mais belos desta cidade, foi-o ainda mais quando se encheu com a voz desta “pequena” grande fadista, acompanhada pelos músicos João Tiago (Viola) Ricardo Parreira (Guitarra Portuguesa) e Francisco Gaspar (Baixo).

Era pois uma sala lotada e rendida á emoção que Gisela João transmite em cada palavra, cada verso, cada poema. E aqui, se duvidas houvesse, percebe-se que o fado não é só voz, e prova cabal de isso mesmo é a entrega e o sentimento com que a fadista nos conduz pelo seu fado. Esta “menina” Senhora transborda o tão nosso fado por todos os poros, em todos os movimentos, e assim foi do princípio ao fim desta brilhante atuação, onde não faltaram os poemas de Ary dos Santos ou Aldina Duarte, terminando com a versão de “Os Vampiros” para um arrepio coletivo e a mais que merecida ovação e vénia. “Temos fadista” ouvia-se amiúde por entre o publico que paulatinamente ia saindo da sala e rumando à porta imediatamente contigua, o Coliseu.

Ainda com alma e coração cheios, não deu sequer para sentir o frio, pois ali mesmo ao lado começava o bulício e a romaria para conferir a esperada atuação do trio britânico Daughter (que em palco se faz acompanhar por um quarto elemento), e liderado pela encantadora Elena Tonra. E encanto peca por escasso para descrever o que ali se passou durante quase uma hora. No momento em que subiram ao palco, percebemos de imediato que não era por acaso que o Coliseu estava perto da lotação máxima.

A expectativa era grande e a forma como o público os recebeu do princípio ao fim, foi de imediato sentido e reconhecido pela banda. A timidez de Elena fez-se notar nas primeiras palavras que dirigiu à plateia, para logo de seguida nos conquistar aos primeiros acordes de “Still”. Traziam na bagagem o último trabalho, bastante acarinhado quer pela crítica quer pelo público, “If You Leave”, lançado este ano pela 4AD. Com canções que falam de sentimentos, de amor, de paixão, de perda, de saudade, mas também de esperança, e que na voz doce, melódica e cativante de Elena, acompanhada pelo som, ora calmo ora lancinante, da guitarra, e com o ritmo infalível e por vezes frenético da bateria e um baixo por vezes hipnotizante, assistimos a um momento que decerto ficará na memória, não só do público mas também da banda.

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Entre cada música, soltavam-se por entre a plateia as declarações de amor, “Casa comigo”, “Amo-te”, e de facto não era para menos. Foi daqueles momentos genuínos de partilha entre a banda e o publico, rendidos, ambos, durante os 50 minutos que durou a sua atuação, mas que ainda assim soube a pouco, apesar de terem percorrido uma boa parte do repertorio, não só com canções do álbum de estreia como “Amsterdam”, “Winter”, “Tomorrow” e claro, o muito aguardado “Youth”, recebido em apoteose e cantado em uníssono pelo publico, mas também com temas de EP’s anteriores, como “Candles” ou “Home”, tema com que fecharam esta insigne atuação. Conquistados, e com vontade de repetir a dose, esperamos voltar a recebe-los em breve.

E assim, de alma renovada e coração quente, cortamos o frio, e fomos em direção à Praça dos Restauradores para apanhar um dos dois Vodafone Bus, onde os portugueses Los Waves, simpáticos e bem-dispostos, se propunham a animar a viagem entre os Restauradores e o Marquês, rasgando Avenida fora com as suas canções, plenas de energia e que faziam desta uma viagem diferente, e assim fomos a dançar até ao BES Arte e Finança onde a dupla lisboeta, Octa Push se dispunha a fazer o publico esquecer o frio e dançar ao som dos temas do seu primeiro longa duração “Oito”, que muito tem dado que falar, e a julgar pelo que ali assistimos, assim vai continuar.

Sensivelmente à mesma hora, o Norueguês Erland Öye (Kings of Convenience, Whitest Boy Alive), já bem conhecido pelo nosso público, ia conquistando as atenções, tanto pela simpatia e boa disposição contagiante, como pelos temas que fizeram o alinhamento desta sua atuação. Ora sozinho com a sua guitarra, ora acompanhado por um flautista e um guitarrista, Erland, foi percorrendo as suas canções e interagindo com o público que demonstrou ter pelo mesmo um enorme carinho.

Um pouco mais acima, o convidativo terraço/esplanada do Hotel Floria, com o Marquês e o Parque Eduardo VII como pano de fundo, transformava-se numa pista de dança, comandada pelo britânico Chris Ward (Tropics) que nos convidava a soltar os movimentos enquanto nos presenteava com uma fusão de géneros bem temperada, e de tal forma envolvente que de facto era impossível resistir, e assim se dançou até chegar a hora de descer novamente a Avenida pois havia encontro marcado com Paulo Furtado que se propunha mostrar as garras de homem-tigre e incendiar a sala Manoel de Oliveira do Cinema São Jorge.

E o Tigerman não se fez rogado, entregou-se a uma performance que foi crescendo de intensidade, revisitando temas marcantes dos seus trabalhos e projetos precedentes, como “Naked Blues”, o frenético “Big Black Boat” ou o dueto (ainda que virtual, neste caso) com Phoebe Killdeer em “And Then Came The Pain”, alternando entre o blues e o rock, e dando a conhecer algumas novidades, como a recentemente apresentada “Wild Beast” ou “Do Come Home To Me”, qual aperitivo, para o novo trabalho que aí vem, aproveitando a oportunidade também para apresentar a nova companhia em palco, o baterista Paulo Segadães, bem como presenciar um novo dueto com Rita Redshoes, a aguçar ainda mais o apetite para o novo álbum que tem estreia marcada 2014. E assim, durante uma hora, o Tigerman, sem tergiversar, foi puxando pelo público (que chegou mesmo a convidar para junto de si em palco) até terminar, em apoteose e de joelhos na plateia e fechando assim com chave de ouro mais esta edição do Vodafone Mexefest.

E no fim, há ainda que dar os parabéns à organização, porque mais uma vez, e este ano com a adição de novos espaços, podemos terminar a falar em sucesso e já à espera da próxima edição de um festival que na sua 3ª edição já se transformou numa tradição.

Reportagem de Patricia Vistas, Hugo ventura e Joao Ferreira
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