D. Maria II estreia “Um Eléctrico Chamado Desejo” de Tenesse Williams

O Teatro Nacional D. Maria II estreia hoje na Sala Garrett a peça Um Eléctrico Chamado Desejo, da autoria de Tennessee Williams, com encenação de Diogo Infante, e a participação de Alexandra Lencastre, como protagonista e ainda Lúcia Moniz, Albano Jerónimo, Pedro Laginha, Paula Mora, entre outros.

A peça começa com o som do jazz misturado com o som do “Desejo”, o eléctrico que traz Blanche Dubois (interpretada por Alexandra Lencastre), para casa da sua irmã Stella (Lúcia Moniz), que mora numa zona pobre de New Orleans.

“Desejo é o eléctrico que me trouxe aqui, onde não sou bem vinda nem quero estar” – diz a dada altura Blanche Dubois.

E é na sala pobre da casa de Stella que se desenrola quase toda a acção da peça. Por aqui circulam Stanley (o marido de Stella), os seus amigos e a senhoria – Paula Mora, é entre a mesa, e três bancos e uma cadeira, e o quarto (separado da sala por uma cortina) que têm lugar os momentos mais emotivos, de euforia,desilusão, loucura e declínio de Blanche Du Bois.

O cenário é simples e despedido de cortinas envolventes, a teia, os cabos aqui tudo está visível, mas às escuras, para não desviar as atenções dos actores e das suas personagens.

Entre uma situação psicológica frágil e uma má situação financeira, o espírito delirante da protagonista leva ao seu rápido declínio. Entre mentiras e ilusões, com o jazz da década de 40 como banda sonora, esta peça apresenta alguns actores bem conhecidos do público português, aqui num dos maiores desafios que já lhes foi apresentado em teatro, ao interpretar personagens tão exigentes e de perfil tão dramático e forte componente emocional.

À dar corpo a estes personagens estão Alexandra Lencastre, na protagonista, Lúcia Moniz (Stella), num registo muito diferente de Maria no West Side Story e ainda o rude e violento Albano Jerónimo (Stanley) e o tímido e crédulo Pedro Laginha, que se apaixona por Blanche.

A peça não é fácil, carregada de simbolismo e de grande intensidade dramática, representa também uma metáfora da sociedade americana da época, dos seus valores e falsos moralismos, reflexos de uma época pós-guerra – a peça foi estreada em 1947, e de uma sociedade racista e preconceituosa, de que o sul era o reflexo perfeito, é considerada uma  das grandes peças do teatro americano e do teatro mundial.

Um Eléctrico Chamado Desejo vai estar em cena até dia 31 de Outubro, de quarta a sábado às 21h30 e ao domingo às 16h00. O preço dos bilhetes varia entre os 7,50 euros e os 30 euros.

Texto de Elsa Furtado
Fotos de Alipio Padilha gentilmente cedidas pelo Teatro Nacional D. Maria II
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