A propósito desta digressão a cantora afirma em comunicado oficial: “Se viajar é deixarmos que as cidades nos aconteçam, a crónica desta viagem é a história do meu Fado, do meu lugar no mundo. À força de partir, de ser atravessada por países, sons, movimento, dou por mim a trautear uma Milonga ouvida sabe-se lá quando, num dia breve em Buenos Aires, enquanto um Fado se instala, como sempre, como uma primeira respiração nas entrelinhas de uma Paris que nunca perco de vista, com Lisboa atada ao coração como um pêndulo de filigrana, o amor vivido entre portos, amor que deixo mas de que nunca me afasto.
Esta sou eu, digo, é a minha história, de quem nunca procurou nada senão deixar-se pasmar pelo espectáculo do mundo. Trago não um Fado; mas o Fado nos sentidos e não sei explicar – ultrapassa o entendimento.
Sei que é fria a claridade quando estou longe de casa, dos meus, do meu Sul de todos os Nortes, mas em Paris foi sempre muito mais do que Tango, foram as bifurcações do meu jardim e assim sou um pedaço de vento, das palavras que canto.”
Texto de Margarida Vieira Louro