CCB Apresenta Elektra De Richard Strauss

O CCB apresenta em fevereiro a ópera de Richard Strauss Elektra, com o Coro do Teatro Nacional de São Carlos e a Orquestra Sinfónica Portuguesa, inserida no Ciclo de Zeus a Varoufakis.

“Em um ato e uma cena, Elektra convida a sentir cada momento trágico com a intensidade de quem vive a ação”.

Elektra, de Richard Strauss (1864-1949), é, decerto, o momento culminante – em termos de audácia – de um dos compositores que mais contribuíram para a modernidade do século XX.
Em 1909, quando Elektra se estreia em Dresden, Strauss está a poucos meses de completar 45 anos e, embora já tenha atrás de si obras que sujeitam a linguagem tonal a abusos pontuais, em Elektra atinge níveis de audácia harmónica, orquestral, vocal e dramatúrgica que chocaram, e ainda hoje chocam, a audiência. O próprio Strauss virar-se-á, logo de seguida (1911), para a sedução e classicismo mozartianos da ópera Der Rosenkavalier, afastando-se assim, em definitivo, das tentações modernistas.
Colaborando pela primeira vez com Hugo von Hofmannsthal (1874-1929), Strauss retoma, depois de Salome, a Antiguidade Clássica como palco para uma das tragédias mais difíceis de enfrentar pelo que esta nos sugere sobre as nossas paixões mais escandalosas: um pai que sacrifica uma das filhas, uma esposa e o amante que assassinam o marido desta, uma outra filha, Elektra, que, por amar demais o pai – “complexo de Elektra”? – o vinga através da morte da mãe (às mãos do irmão também querido), acabando, ela própria, por morrer. A “assinatura” musical deste conflito é o “Acorde de Elektra”, sobre o qual grande parte da estrutura musical reside, e que consiste na sobreposição de dois acordes que chocam violentamente entre si: Mi Maior e Ré Bemol Maior.
A ação é dominada pela figura de Elektra que, entrando em cena ao fim de apenas seis minutos, nela se mantém até ao fim, lutando com uma orquestra colossal, ambos dominando a ópera numa espécie de grande monólogo dramático que só aumenta a sensação obsessiva que o enredo propicia.
Neste aspeto, e só neste, Elektra pode ser entendida – a posteriori – como epifania dos conflitos políticos e sociais reprimidos que resultarão na violência inaudita – esta sim, bem real – da Primeira Guerra Mundial.

Elektra é uma ópera em um ato, com libreto de Hugo Von Hofmannsthal, segundo Sófocles. Esta versão conta com direcção musical de Leo Hussain, encenação de Nicola Raab, Coro do Teatro Nacional de São Carlos com direcção do maestro Giovanni Andreoli e a Orquestra Sinfónica Portuguesa dirigida por Joana Carneiro. A interpretar as personagens vão estar Nadja Michael, Allison Oakes, Lioba Braun, James Rutherford, Marco Alves dos Santos, Mário Redondo, Sónia Alcobaça, Rui Baeta, João Terleira, Patrícia Quinta e Maria Luísa de Freitas, Cátia Moreso, Paula Dória, Carla Simões, e Filipa van Eck.

Elektra pode ser vista a 1 de fevereiro às 20h00, no dia 4 às 16h00, e no dia 7 de fevereiro às 20h00, no Grande Auditório do CCB. Os bilhetes custam entre 25 e 60 euros e estão à venda online e na bilheteira do CCB.

Autor:Texto de Elsa Furtado
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