Ana Bacalhau a Solo no Carrossel da Música

Reportagem de Tânia Fernandes e António Silva

ana_bacalhau01Ana Bacalhau poisou os Deolinda e construiu um espetáculo a solo que estreou ontem, com sucesso, no Teatro Municipal São Luiz. A poucas músicas do final, ela agradecia aos que compareceram ao desafio e ousaram “assinar um cheque em branco”. Porque, na verdade, apenas se sabia que ela iria interpretar as músicas de que gosta e que cresceu a ouvir. Neste baú de memórias, ficou provado que Ana Bacalhau é uma artista com grande versatilidade, que tanto assume o papel de rock-punk-rebelde, como o registo solene e sentido do fado. Cantou em português, francês, alemão e agitou a anca em sons latinos. Regressa hoje e amanhã ao palco do Jardim de Inverno, mas os bilhetes já se encontram esgotados.

Entrou sozinha no palco, de guitarra na mão e abriu com “So Sad to be Alone” de Janis Joplin, referencia que foi várias vezes mencionada ao longo do concerto. Saltou para uma versão de “People are Strange” dos Doors já na companhia dos músicos: Luis Figueiredo no piano, José Pedro Leitão no contrabaixo e baixo, Marcos Cavaleiro na bateria e Mário Delgado na Guitarra. Numa espécie de viagem ao mundo da música, Ana Bacalhau partilhou com o público pequenos episódios do quotidiano que a levaram a escolher determinadas músicas. Como quando, depois de tanto ouvir música anglo-saxonica, ficou fascinada com Amália Rodrigues. Prestou homenagem à fadista com “Fria Claridade”, acompanhada só pelo piano. Da secção de música portuguesa apresentou também “As 7 Mulheres do Minho” de Zeca Afonso que cantou sozinha replicando a voz com a ajuda de equipamento, “Estou Além” de António Variações em ritmo bossa nova e, de cavaquinho em riste, “Navegar, Navegar” de Fausto. Desdobrou-se em vários papéis em “Preto e Branco” de Maria João e Mário Laginha e surpreendeu quando mudou radicalmente para uma abordagem dura do tema “Go “ dos Pearl Jam.

This slideshow requires JavaScript.

Nesta noite que foi uma espécie viagem de montanha-russa pela jukebox da Ana Bacalhau saíram ainda à cena a versão disco de “You Can’t Hurry Love”, a seriedade de “Khawuleza” e a melancolia de “Lilac Wine”, um original de Nina Simone que foi também alvo da atenção de dois dos seus ídolos: Joplin e Jeff Buckley. Se calhar porque é Natal, o último tema antes do encore veio do filme da Disney Rei Leão: “The Lion Sleeps Tonight”.

Ana Bacalhau apresentou ainda um tema seu. “Não sou escritora de canções, mas como tenho para dizer…” e anunciou “Chorei”, em jeito de pedido de desculpas. Limpas as lágrimas, avançou com toda a energia e alegria que a caracterizam para um inacreditável “I Fought the Law”. Se muitos dos presentes achavam que em matéria de versões já tinham ouvido de tudo, certamente que acrescentaram esta versão dos Clash ao som do cavaquinho!

Pelo sucesso, acreditamos que esta experiencia tenha sequela!

Artigo anteriorDoze bandas juntam-se em homenagem ao baixista Ciro no Teatro do Bairro em Lisboa
Próximo artigoSugestões de Natal C&H: Tecnologia para Todos

Leave a Reply