Abertura Quente Da 10ª Edição Do NOS Alive Com Regresso Ao Passado Por Robert Plant E Pixies

Reportagem de António Silva, Marina Costa e Tânia Fernandes

Primeiro dia da 10ª edição do NOS Alive muito quente, com lotação esgotada. Um festival cada vez mais turístico em que grande parte das 55 mil pessoas que entraram no recinto falavam outras línguas. The 1975 e Biffy Clyro eram a preferência dos mais jovens.

A faixa etária muda com a entrada de Robert Plant e depois, os Pixies que trouxeram um best off que incluiu muitos dos temas muito ouvidos nos anos 80. A fechar a eletrónica dos The Chemical Brothers, numa despedida em grande.

Uma melhoria das condições, com o tapete verde a cobrir grande parte do recinto é o que mais salta à vista quando se circula no recinto. A preponderância do verde, em contraste com todas as outras cores do marketing do festival, cria criar um cenário de bem-estar. O conforto de uma cobertura nova, a estrear, livre de pó, faz com que muitas pessoas se instalem no chão, assistam e descansem enquanto observam o espetáculo em redor.

Há música no palco, mas quando a banda que atua não é do agrado, torna-se muito mais interessante ver o público. O tempo quente apela a indumentárias irreverentes e percebe-se que houve algum cuidado na forma como se “foi para o festival” neste primeiro dia de Alive.

Dos sete palcos distribuídos pelo passeio marítimo, destaca-se o inovador Fado Café, na Rua EDP. Uma aposta ganha, a avaliar pela afluência do primeiro dia. Antigos negócios que funcionavam em infra-estruturas de feira, encontram-se agora alojados numa rua de pedra e cal, caracteristicamente portuguesa, onde não faltam os pormenores dos azulejos e os detalhes da arquitetura pombalina. Marco Rodrigues, Raquel Tavares e mais tarde os Dead Combo lotaram o pequeno recinto, com a sala a transbordar para a rua de calçada portuguesa.

Pensar num ecrã que possa, cá fora, permitir que se veja o que acontece neste palco seria interessante. Num festival aberto à Europa é impossível ficar indiferente à multiculturalidade no recinto e a uma noite que levou amantes de música de diferentes gerações, o que cada vez mais se reflete como uma cultura do Alive. A decoração do Fado Café permite viajar pelas casas de música, clubs e matinés que fazem a história musical na capital lisboeta. Os artistas presentes são o exemplo do que melhor se canta e compõe em português por portugueses.

O Palco Pórtico, que acolhe os chegados ao recinto, teve na hora de maior afluência a presença dos Impossible Funky Band, com uma vocalista talentosa e uns acordes que recriam nomes conhecidos como James Brown.

Ainda com o sol alto, os The Happy Mess, banda de indie rock portuguesa, faz a festa Palco Heineken. “Heaven”, “The Invisible Boy” e “Morning Sun” foram algumas das canções que tocaram.Este espaço permite que os seguidores de outros ritmos possam ali celebrar a música, e se apaixonem por projetos sólidos que por ali vão passando. The Vintage Trouble foram uma dessas revelações.

Os norte americanos apresentaram, têm uma imagem cuidada e um estilo muito próprio, “vintage”, tal como o nome indica, no qual se destaca o carisma do vocalista. Abriram com “High Times”, espalharam o seu humor pela multidão e foram muito bem acolhidos neste espaço. Despediram-se com “Run Like the River” e “Strike Your Light”.

Pela terceira vez nos palcos, do NOS Alive, os Biffy Clyro têm lá uma legião segura de seguidores. Os riffs da banda escocesa são muito familiares aos portugueses e Simon Neil, de tronco nu tatuado, a estrela “desta companhia”. “Wolves of Winter” é o ponto de partida de um alinhamento de traz também as novidades do disco que é editado no dia seguinte a esta atuação.

O Raw Coreto mantém-se um palco de sucesso deste festival. As irmãs Catarina e Margarida Falcão formam as Golden Slumbers, um projeto de folk que faz uso de harmonias de vozes e de guitarras acústicas. Abriram este palco com uma boa afluência.

De regresso ao palco Heineken, sempre cheio, a multidão parece enfeitiçada pela voz e a postura de John Grant. O ex-vocalista dos Czars apresentou, entre outras, “Snug Slacks”, “Voodoo Doll”, “Disappointing” do novo trabalho Grey Tickles, Black Pressure.

Pouco depois das 21h00, é Robert Plant a pisar o palco NOS. Com uma aparência de respeito comunicou com o público e com uma personalidade única na música que constrói, não deixou de viajar pelos sons de Led Zeppelin, sem deixar de criar uma marca própria, para surpresa de uns e agrado de outros. Robert Plant que entrou triunfal com “The Lemon Song, e com um comentário aquecedor de cariz futebolístico, mas foi ao som de “Black Dog” e “Dazed and Confused “que o público delirou… Numa batida bem rock’and’roll, com sonoridades étnicas e blues, o remix não desiludiu, nem quando o hino “Whole Lotta Love” dos Led soou. Plant and The Sensational Space Shifters conseguiram inovar em cima do imortal.

Do outro lado do recinto, Wolf Alice, com uma legião de fãs, é uma conjugação estrondosa de uma voz maliciosa e umas guitarras ferinas, que permite antever que muito se irá falar deste quarteto britânico.

O palco NOS encheu para ouvir os tão esperados Pixies, que do alto do seu profissionalismo iniciaram o concerto com trabalhos recentes, que misturaram com os clássicos cantados em uníssono pelo público como “Monkey Goes to Heaven”, “Where is my mind?” e “Here Comes Your Man”. Uma pequena supresa, logo no início com uma cover do tema “Head On” dos The Jesus and The Mary Chain” ajudou à viagem ao passado. Os anos parecem não passar por Joey, guitarrista da banda, que transparece o prazer pelo palco numa simbiose com as letras de Francis Black. Pouco comunicativos, agradaram os fãs nostálgicos e sedentos destes senhores do indie rock.

A noite fechou ao som da batida eletrónica dos The Chemical Brothers que arrancaram as energias dos resistentes que mexeram sob o som e luzes deste duo. Um espetáculo audiovisual que permitiu fechar a noite numa química de dança e beat psicadélica.

As portas voltam a abrir hoje às 15h00. Esta sexta-feira vai receber nomes como Radiohead, Tame Impala, Foals, Two Door Cinema Club, Father John Misty ou Carlão, entre outros. A lotação encontra-se esgotada.

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