DocLisboa chega ao fim depois de muitas surpresas

Termina amanhã (dia 24 de Outubro) a 8ª edição do DocLisboa 2010, Festival Internacional de Cinema Documental, a decorrer em Lisboa desde 14 de Outubro, com sessões divididas entre a Culturgest, o Cinema São Jorge, Cinema Londres, Cinema City Classic Alvalade, e Cinemateca Portuguesa, e que propôs uma forte programação repartida pelas competições, retrospectivas, e secções temáticas.

Organizado pela Apordoc, o Doclisboa apresenta anualmente os melhores documentários da última temporada em antestreia, e uma série de programações não competitivas que incluem retrospectivas de aclamados autores.

O Festival proporcionou também a oportunidade de assistir ou participar no Fórum de Co-Financiamento de Documentários Lisbon Docs (com as sessões públicas de pitching), Fórum Debates (ponto de encontro dos realizadores com o público após as projecções), Masterclasses (públicas e gratuitas), AfterDocs (onde o bar do Cinema São Jorge se tornou ponto de encontro dos convidados), Festas (este ano com a Festa Africana, Festa Brasil e Festa Beatles no São Jorge), Exposições (a do fotógrafo Malick Sidibé no Palácio das Galveias), entre outros.

Ainda à disposição do público esteve a Videoteca (situada em frente ao Grande Auditório da Culturgest), com 1250 títulos enviados para o Doclisboa 2010 disponíveis para visionamento.

As competições dividiram-se em Competição Internacional, Competição Portuguesa, e Investigações (filmes que procuram dar a conhecer situações críticas do presente ou passado), e os vencedores foram:

On Rubik’s Road de Laila Pakalnina, Letónia 2010, 30′ – prémio para melhor curta-metragem internacional (2 500 euros)

Les Oiseaux d’Arabie – Fragments d’une Correspondance de David Yon, França 2009, 40′ – prémio para melhor média-metragem internacional (3 000 euros)

El Sicário, Room 164 de Grianfranco Rosi, França/Itália 2010, 80′ – Grande Prémio Cidade de Lisboa para melhor longa-metragem internacional (1 5000 euros)

Steam of Life de Joonas Berghãll e Mika Hotakainen, Finlândia/Suécia, 81′ – Prémio Universidades para melhor longa-metragem internacional (1 000 euros)

La Terra Habitada de Anna Sanmartí, Espanha/Mongólia 2009, 71′ – Prémio Especial do Júri

Let Each One Go Where He May de Ben Russell, EUA/Suriname 2009, 135′ – Prémio Revelação (4000euros)

Como as Serras Crescem de Maria João Soares, Portugal 2010, 28′ – Prémio CPLP para melhor curta-metragem portuguesa (2 500euros)

Li Ké Terra de Filipa Reis, João Miller Guerra e Nuno Baptista, Portugal 2010, 65′ – Prémio CGD para melhor longa-metragem portuguesa (5 000 euros) e Prémio Escolas para melhor média/longa-metragem portuguesa (1 000 euros)

Snack-Bar Aquário de Sérgio da Costa, Suiça/Portugal 2010, 37′ – Prémio CGD para melhor primeira obra portuguesa (3 000euros)

Cuchillo de Palo de Renate Costa, Espanha 2010, 91′ – Prémio SIC Notícias para melhor Investigação (4 000 euros)

A programação não competitiva incluiu três retrospectivas de peso, com as obras de Joris Ivens (“pai do documentário” destacado nesta edição com 39 filmes em exibição), Marcel Ophüls (grande cineasta quase desconhecido em Portugal), e Jørgen Leth (cineasta experimentalista que apresenta em estreia europeia o seu mais recente trabalho “Erotic Man”), e as secções Temáticas Riscos (com obras ousadas e inovadoras situadas na fronteira entre ficção e documentário), Heartbeat (onde a música é um elemento fundamental – este ano em forma “vintage” onde se redescobrem ou apresentam pela primeira vez em sala obras primas esquecidas), Homenagem ao Documentário Suiço (com destaque para o realizador Richard Dindo) e A Cidade e o Campo (com filmes em que a questão principal é a da formação de um olhar sobre esses dois espaços).

Apresentaram-se ainda três filmes à volta de Marceline Loridan-Ivens (dois de sua autoria e um documentário-entrevista com a mesma) e quatro sessões epeciais, com Boxing Gym de Frederick Wiseman acompanhado de Painéis de São Vicente de Fora de Manoel de Oliveira, Patrice Chéreau, Le Corps au Travail, Dolce Vita Africana retrato do fotógrafo Malick Sidibé, e Word is Out (1978), primeiro documentário-manifesto sobre a identidade gay nos EUA.

Pela programação passaram filmes dos aclamados Albert e David Maysles, Michelangelo Antonioni, Pier Paolo Pasolini, Alexander Sokurov, e do nosso Manoel de Oliveira, entre muitos outros, de todos os cantos do mundo.

A Sessão de Abertura foi, pela primeira vez, nacional, com a estreia de José e Pilar de Miguel Gonçalves Mendes, e outros nomes nacionais no certame foram Edgar Pêra, Miguel Clara Vasconcelos, ou Mário e Pedro Patrocínio com o filme Complexo – Universo Paralelo, que na abertura do festival já tinha a sua sessão de dia 22 esgotada. Fora de Competição e além dos dois referidos, foram 12 os filmes portugueses em antestreia no festival.

As masterclasses estiveram a cargo de Marceline Loridan-Ivens (companheira e co-realizadora de vários filmes de Joris Ivens), que discutiu o seu próprio percurso e o de Joris Ivens através da história do cinema e da participação política através do cinema, e do mestre Jørgen Leth, que falou sobre a sua extensa obra.

Hoje à noite, no Grande Auditório da Culturgest, a Sessão de Encerramento apresenta My Joy, o primeiro filme de ficção de um dos mais interessantes documentaristas da actualidade, Sergei Loznitsa.

São ainda vários os filmes que se podem ver nos diversos espaços do festival, hoje à noite com Erotic Man (o mais recente filme de Jørgen Leth), Stones in Exile (sobre a banda Rolling Stones), Crossing the Bridge ou Congo in Four Acts, ou amanhã com Tonite Let’s All Make Love in London, Dolce Vita Africana, The Forgotten Space, entre muitos outros, incluindo as sessões dos Filmes Vencedores a partir das 19h00 na Culturgest.

De referir que as retrospectivas dedicadas a Joris Ivens e Marcel Ophuls se prolongam na Cinemateca até 28 de Outubro.

O DocLisboa volta a trazer o mundo a Lisboa, na segunda metade de Outubro de 2011.

Por Sara Peralta

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